Alguns filmes de ficção científica retratam, sempre com o mesmo enredo, o dia em que as máquinas inventadas pelo homem passam a domina-lo. Creio que fizemos o mesmo com o tempo. Santo Agostinho, o filósofo Mc Taggart e Einstein tinham razão: tempo é uma ilusão. Nós criamos máquinas para enumerar os momentos de nossa vida, e agora é essa máquina quem nos governa. Pergunte para os operadores das bolsas de valores quem manda neles. Aos funcionários de uma fábrica qualquer. É o relógio quem diz a hora de começar e terminar, e ai de você se não completar a tarefa à tempo. Se não “bater o ponto” no momento exato. Criamos uma máquina que nos controla.

Só para entender melhor, tempo é o significado que damos aos eventos da vida. Sentíamos o tempo passar quando víamos o sol dando lugar à lua. Foi nossa primeira percepção de que o tempo passa. Passamos a registrar o que nos ocorria na parte clara e depois na escura. Olhávamos os registros descobrindo que o tempo passado, o que se foi, não existe mais a não ser lembranças. 

Tentávamos imaginar o que aconteceria descobrindo o tempo futuro, que também ainda não existe até que, por um instante ele se esvai tornando-se passado. E o império do tempo nos aprisiona em vidas inexistentes: passado e futuro. No fim das contas, o tempo da vida mais importante é o agora: presente. Está presente, diante dos olhos, como um presente embrulhado para que você apresente à vida seus atos, palavras e sonhos. Os tempos de sua vida.

Em que clima? Comparo com as estações no tempo e descubro. É verão quando estou fervendo por dentro de desejos e ações. É inverno quando estou só. É outono quando percebo a fartura. É

primavera quando estou em paz. Em que ritmo? Como na música, vivo intensamente por instantes e me acalmo em seguida. Uma canção frenética o tempo todo é chata. A variação do ritmo é que dá graça e leveza. Que nos conecta com o Autor da Vida. As ações de minha vida são registradas tornando-se passado vivido. São almejadas aguardando o futuro. Mas apenas podem ser construídas para serem registradas se aproveitar o presente.

Nas palavras de Salomão: “Fiz projetos formidáveis como ninguém” (Ecl. 2:4). A palavra chave é “fiz”. O que faço é o que determina o tempo da vida. Se as intenções são egoístas, ao final descobrirei: “é tudo vaidade e correr atrás do vento”. Que não seja uma máquina o governante de minha história. Mas o Senhor da história que me inspire a deixar um registro que tenha valido a pena viver agora.

* Texto Extraído de "CLEAN: UMA JORNADA EM BUSCA DO AMOR,TEMPO E ETERNIDADE", disponível em Amazon.com

QUEM ESCREVE:

Denison Cavalcante

Somente alguém tentando ver a vida com as lentes do Mestre. Amo a vida, os livros e minha família.