revigorado

A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes.   Salmos 19:7

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Como vimos, o salmo 19 começa descrevendo a maneira como Deus decidiu revelar-se a todo ser humano nascido sobre a terra. A chamada Revelação Geral tinha como objetivo principal torná-Lo conhecido por todos de modo que ninguém pudesse alegar o contrário, não importando o lugar ou sua cultura natal. O que hoje vemos facilmente é que quanto mais avançada se torna a ciência, detalhes ainda mais específicos deste poder criador se tornam evidentes ao coração daqueles que decidem aceitar Sua soberania e a manifestação de Seu amor e cuidado.

A segunda parte do salmo, trata de ampliar esse conceito de revelação e de forma súbita, provoca uma mudança na apresentação do tema. Vemos claramente que o poema, a partir do verso 7, de repente, leva o leitor, ou quem canta, a reconhecer um Deus que não só se revela de modo geral, mas que também decidiu revelar-se de forma especial e sobrenatural, através de Sua Lei. Embora pareça, aos olhos mais apressados, não haver conexão, ou haver, quem sabe, uma pequena perda de concentração no ato de compor o poema, um pouco mais de atenção eliminará por completo essa impressão.

Sob o olhar profissional de C. S. Lewis, um crítico literário de formação, esse salmo se torna ainda mais encantador. Para ele, o autor “sentiu, sem fazer qualquer esforço e sem refletir a respeito, que havia uma conexão tão próxima, uma identidade tamanha (maior do que ele poderia imaginar) entre o primeiro e o segundo temas que passou de um para o outro sem perceber que havia feito uma transição”. Para Lewis, o salmista que se maravilha com a expressão da glória de Deus, declarada pelo firmamento e os espetaculares movimentos dos astros ali expostos, considera na parte final do primeiro tema o alcance e os efeitos produzidos pelos raios do sol, “que é como um noivo que sai de seu aposento, e se lança em sua carreira com a alegria de um herói” (v.5). E isso não é tudo. Fica também explícito e declarado que esse astro maior, do ponto de vista do autor, “sai de uma extremidade dos céus e faz o seu trajeto até a outra; nada escapa ao seu calor” (v.6).

“A frase-chave”, diz Lewis, “que estabelece a relação de dependência entre todos os versos é: ‘Nada escapa ao seu calor’, que penetra em toda a parte com seu ardor forte e puro”. Para Lewis, parece estar clara a intenção do salmista em comparar o alcance dos raios solares, seu calor e o efeito de sua luz, à Lei de Deus, que “é perfeita, e revigora a alma” (v.7). Segundo ele, está no coração do salmista que a Lei não só é perfeita, mas ela ilumina, é clara, eterna e doce. “Ninguém pode melhorá-la” – diz C. S. Lewis; “não existe nada mais adequado para fazer brotar em nós o antigo sentimento judaico sobre a Lei, luminosa, rígida, purificadora, exultante” – conclui.

Também é interessante notar que com a mudança do tema também ocorre uma significativa mudança na apresentação do nome com o qual o salmista identifica o Criador. Se é Deus quem revela Sua glória através da natureza, é o Senhor, o Deus da aliança, que se revela através de sua Lei ao povo de Israel, e consequentemente, a todos os que nEle confiam. “Não se trata agora de uma revelação de sua glória, mas de sua vontade”, escreve John Stott. Segundo ele, “a perfeição da lei é vista no fato de que suas exigências são dignas de confiança, justas, límpidas, puras e verdadeiras. É também chamada de temor do Senhor (v.9), porque o grande fim de toda a revelação é inspirar uma adoração humilde e reverente a Deus. É dito que esta revelação da vontade de Deus é pura”.

Incrível, não é? Nossa tendência tem sido sempre na direção de encarar a Lei como algo limitador e ofensivo. Alguns chegam a dizer que a Lei escraviza e oprime de tal forma que não há a menor possibilidade de atender suas exigências e ser feliz ao mesmo tempo. O salmista, no entanto, preocupa-se em apresentar um outro quadro desta mesma realidade – uma maneira diferente de olhar para os preceitos estabelecidos por Deus e enxergar a sua função na construção da nossa felicidade. Mais que isso, ele propõe um olhar diferenciado para a Lei na expectativa de conhecer melhor o Deus que nos criou.

Pense nisso. Amanhã vamos ampliar um pouco mais esse conceito, essa ideia. Espero te encontra por aqui.

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.