DEVOCIONAL - T1 | E12

Planejamento Estratégico

 

“Tenho um plano para toda a terra; minha mão está sobre todas as nações.”    Isaías 14:26

Você, como eu, certamente já deve ter feito uma porção de planos na vida. Planos que estavam, ou ainda estão, voltados para as mais diferentes áreas da nossa existência. Projetos que têm, quase sempre, a finalidade de alinhar nossos procedimentos, nossas decisões e ações.

Hoje tenho 46 anos de idade, o que me leva à fronteira do meio século. Estou casado há quase 25 e tenho dois filhos (ele 21 e ela 11). Apesar de não ser muito bom em estabelecer metas e alinhar estratégias, tenho planos específicos para cada um deles, a começar pela minha companheira de jornada,  porque dos três, é a ela que procuro devotar meu amor maior. Por vezes me pego fazendo imagens mentais de como seria a nossa vida num futuro não muito distante. Geralmente essas imagens estão relacionadas a uma mesa bem servida, num lugar cuja tranquilidade só seria alterada pela presença dos netos, que estariam correndo para todos os lados, e toda a minha família reunida para um almoço de sábado e muita conversa boa.

Tenho planos de envelhecer ao lado da minha amada; de administrar, com ela, um momento da vida que certamente será cheio de manias e cuidados. Planejo estar ao lado dela, aguardando à entrada da casa, pela chegada dos netos, e estes certamente trarão, a cada visita, a possibilidade de alteração na rotina já estabelecida, mas também virão para renovar nossa vontade de viver e servir. Vamos esperar juntos pela visita dos filhos que sempre serão uma parte muito significativa do que temos de melhor nessa vida.

Meus planos envolvem os amigos também. Sempre imagino haver um lugar especial para recebê-los em nossa casa. Teriam a liberdade de ficar o quanto quisessem, e seriam sempre bem-vindos. Ter um espaço em casa que ofereça os recursos necessários para se matar a saudade de gente que amamos é algo realmente especial, para uma fase da vida em que as boas lembranças do passado, a família e os amigos, são o que temos de melhor.

Mas nem sempre foi assim. Nem sempre tive essa autonomia para planejar e executar conforme minha própria vontade. Houve um tempo em que estive sob a tutela de meus pais, e a eles cabia o direito de determinar o que eu poderia fazer, ou deixar de fazer, e nesse caso, minha mãe, principalmente, reinava soberana na maioria das questões, até porque, éramos, meus irmãos e eu, muito novos quando nossos pais se separam pela última vez.

Não foram poucas as vezes em que me animei com o possibilidade de sair para um passeio com os amigos, e ser simplesmente desautorizado por minha mãe. E não adiantava argumentar mencionando o tempo que fora investido tentando cuidar dos detalhes na divisão dos recursos necessários, programar os horários de saída e chegada e organizar as vagas no transporte disponibilizado, até porque ela já sabia que não éramos tão organizados assim.

Bastava um simples não para o nível de euforia ir de 100 a quase zero, numa questão de segundos. Então um quadro se repetiu até que me desse conta de que não adiantava insistir. Sempre que perguntava por que razão ela não me deixava ir, recebia como resposta uma apresentação argumentativa tão bem elaborada, que seria digna de um magistrado na defesa de sua tese, diante de um tribunal: “Porque não! Sou sua mãe, e quem manda aqui sou eu”. Soberana, voltava a fazer o que fazia antes de ser interrompida, e a vida seguia seu curso, ainda que a minha noite, por exemplo, fosse bem diferente da noite dos meus amigos.

Nosso verso de hoje fala de um Deus que planeja. Melhor que isso, um Deus que tem planos para toda a Terra. Melhor ainda, um Deus que não pode ter seus planos frustrados por absolutamente nada, nem ninguém. Um Criador que conhece  o fim desde o começo não é, nunca foi e nunca será surpreendido por qualquer evento ou decisão de alguém. Não há nada que Ele não saiba; não há quem o faça mudar de ideia – até porque Ele não precisa mudar de ideia!

Quando vejo as decisões de minha mãe, que à época pareciam ter como única intenção sabotar os meus planos e minha felicidade, à partir da minha experiência de pai, reconheço que ela sempre teve razão ao me negar uma porção de coisas. Também percebo que embora, como pais, tenhamos a responsabilidade de cuidar dos planos de nossos filhos por um tempo, nossa capacidade de estabelecer bons planos em nada se compara ao poder e conhecimento de Deus. Seus planos sempre serão infinitamente melhores que os nossos melhores planos.

Gosto muito de um pensamento de Abraham Kuyper. Ele sabiamente escreveu: ’’Não há um centímetro quadrado deste mundo do qual Cristo não possa dizer: é meu’’; e esta é uma grande verdade. No verso seguinte ao que destacamos hoje, o profeta Isaías escreve: “O Senhor dos Exércitos falou; quem pode mudar seus planos? Quando levanta sua mão, quem pode detê-la?”. Sensacional, não é? Quanta paz esse pensamento pode trazer ao coração daqueles que se imaginam nos melhores planos de Deus.

Considere ainda o que declarou C.S.Lewis: “Certamente você realizará o propósito de Deus, não importa como esteja agindo, mas faz diferença se você serve como Judas ou como João”. Imagino que não faria diferença alguma para Deus se Ele está ou não em nossos planos, porque isso não altera em nada o que ele estabeleceu para este mundo, ou mesmo para o Universo; mas faz toda diferença para a minha vida, e a vida da minha família, que parte quero tomar nos planos de Deus pra mim.

Por isso, hoje, minha oração será: Senhor, por favor, torna os Teus planos, meus planos, e os Teus sonhos, meus sonhos. Permita-me viver os desafios e a alegria de servi-Lo como o fez João. Dá-me a coragem de testemunhar do Teu amor sem me importar com as circunstâncias, e anima-me a submeter a minha vontade à Tua vontade, porque és Deus, Soberano e Senhor de todo o Universo. Amém!

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Quem Escreve:

Marcílio Egídio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Um colecionador de bons amigos.