Para onde você vai?
O Anjo do Senhor encontrou Hagar perto de uma fonte no deserto, no caminho de Sur,
e perguntou-lhe: “Hagar, serva de Sarai, de onde você vem? Para onde vai? ” Respondeu ela: “Estou fugindo de Sarai, a minha senhora”.
Gênesis 16:7,8
Em nosso último encontro, deixamos Hagar na companhia do Senhor, embora ela mesma não soubesse com quem estava falando, ao certo. Havia sido abordada por um estranho que a chamou pelo nome, e lhe fez duas perguntas muito importantes. Com a primeira buscava motivá-la a pensar numa porção de coisas, algumas delas, inclusive, escondidas em seu coração. Ao questioná-la de onde vinha, como vimos, certamente pretendia ir muito além de um endereço de partida. Quem sabe estivesse mesmo interessado em fazê-la refletir em seu passado, sua história, as razões que a levaram à casa de Abrão e Sarai. Quem sabe provocar uma reflexão sobre a mudança de cosmovisão envolvida, e o benefício de tê-Lo _ o Deus de Abrão!
O verso de hoje, aliás o mesmo do devocional anterior, nos leva à quarta grande pergunta de Gênesis, e ela deve ser pensada nos mesmos critérios das três anteriores, afinal, Deus sempre soube da resposta. Acredito que o Eterno não se daria ao trabalho de perguntar algo a fim de ouvir o óbvio. Gosto de pensar que, em momentos assim, as melhores respostas favorecem a quem responde, já que não mudará em nada a vida de quem pergunta – Ele é a vida em sua essência, o soberano e eterno Criador do Universo. Então, para onde você vai?
A resposta de Hagar se mostra incompleta, até mesmo na parte do óbvio que lhe cabe. Grávida como sabia estar, deixara a casa de sua patroa como uma fugitiva e, estando agora no deserto, parece nem saber qual direção seguir. Há a possibilidade de ter pensado em voltar para o Egito, mas talvez naquele momento não tivesse certeza de que chegaria viva ao destino planejado. Com coração apertado, limita-se a informar o mínimo possível daquilo que a faz chorar, e quanto ao futuro…? Bem, por enquanto precisava manter-se viva.
E você, já teve a sensação de ter sido abordado por Deus e tê-Lo ouvido perguntando para onde você estava indo? Achou mesmo que estivesse confirmando o destino, como o faz o motorista do aplicativo que você talvez use para se deslocar de um lado para o outro? “Bom dia, Marcilio! Como vai?” – Ele me pergunta. “E então, para onde você está indo?” – procura saber. “Avenida Ellis Maas, Senhor! Estou indo para o trabalho.” Como já dissemos, não são as respostas óbvias que interessam ao Criador; Ele pretende extrair das respostas algo que pode mudar minha maneira de enxergar a própria vida e, principalmente, minha relação com Ele.
“Hagar, serva de Sarai, para onde vai?” (Gn 16:8) Que futuro você pretende ter como resultado desta fuga? Onde pretende criar o seu filho? O que você dirá quando ele perguntar pelo pai? E se, mais tarde, Abrão for atrás do filho e o trouxer de volta sem o seu consentimento? Como serão os primeiros dias de vida desta criança se vocês ainda estiverem pelo deserto quando ela nascer? Você fez um planejamento financeiro para pagar os custos desta fuga? Não acha muito infantil da sua parte, acreditar que será possível manter-se por muito tempo, tendo apenas “o troco do pão”? Mas Deus já sabia de todas as respostas. Ele nunca será surpreendido com nenhuma delas.
Os tempos mudaram. Estamos a séculos de distância do dia em que Deus falou pessoalmente com Hagar, mas a estratégia do Céu continua a mesma, porque funciona. “Bom dia, Marcilio! Para onde você está indo? O que tens planejado para o futuro? Já estabeleceu um rumo para sua vida? Onde é que você quer estar daqui a dois, três, cinco ou dez anos? Tem planos para sua família? Ainda terá uma família? E quando a realidade plena do Reino se concretizar, onde você quer estar? Quando Eu voltar, como é que pretendes me receber? A maneira como Deus me aborda tem a clara intenção de me lembrar que, ainda que o próprio Cristo tenha dito para não ficarmos ansiosos quanto ao dia de amanhã, Ele mesmo sempre foi favorável ao planejamento. Busca me tornar consciente de que houve planejamento na construção da arca feita por Noé; na construção do Templo, inaugurado por Salomão; e na manutenção da vida no Egito, nos tempos de José – só para citar alguns exemplos. Há evidência de um plano de ação na semana da criação do mundo!
A melhor parte do planejamento proposto é saber que Ele pode, e pretende, colaborar com o plano. Porque decidiu me amar, a despeito de mim mesmo, se dispõe a estar ao meu lado, cuidando para que nenhum detalhe fique de fora, evitando qualquer risco que possa comprometer meu futuro. Sempre que for do meu interesse Ele vai envolver minha família e meus amigos no sucesso que pretendo desfrutar. Tudo isso, no entanto, depende das respostas que darei a esta grande questão, também. Enquanto pensava em como responder ao Eterno, depois de ouvi-Lo dizer mais uma vez “Para onde você vai?”, lembrei do que escreveu meu amigo Denison Cavalcante: “Destino não é o que a sorte ou o acaso nos reservam, mas o ponto final que escolhemos após seguir uma jornada rumo ao alvo”. Que Deus me ajude a elaborar as melhores respostas e definir o melhor destino desta minha jornada chamada vida!
Marcilio Egidio
Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.