Milagre de Presente

Hoje em Belém, a cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor!
Lucas 2:11

É Natal mais uma vez, e como de costume, é tempo, inclusive, de aproveitar o chamado “espírito natalino” para refletir sobre temas importantes e atitudes relevantes. É tempo de considerar a possibilidade de realinhar os procedimentos e torná-los cada vez mais evidentes em nossa jornada – não que isso deva ser considerado apenas nessa época do ano, mas o momento propõe uma disposição maior para tal reflexão.

Pensando nisso, lembrei que há algum tempo abri uma discussão com uma turma de alunos do quinto ano da escola onde trabalhava. Convidei-os a construírem comigo uma imagem mental, primeiro de um acontecimento fictício, e depois de um fato que não tivemos a honra de acompanhar pessoalmente.

Pensei na possibilidade de estarmos em casa, meus alunos e eu, e descobrirmos pelo jornal que, às 09h00 do dia seguinte, alguém lançaria uma ogiva nuclear numa das esquinas pertinho da nossa escola. Depois de muita pesquisa, a localização exata do ponto de contato com o chão seria descoberta, e um de nós, tomado de toda coragem que conseguisse juntar, estaria esperando pelo lançamento da bomba, com um pote de margarina vazio na mão.

Isso mesmo, um pote de margarina vazio! Mas precisava ter tampa, claro!

O plano seria o seguinte: No momento exato do contato, antes que aquele “cogumelo” enorme de energia destruidora se formasse, nosso herói colocaria o pote por cima de tudo, para impedir que o poder destruidor da ogiva desse fim a tudo que houvesse ali por perto, principalmente nossa escola e as casas dos amigos que moravam no raio de ação da bomba. Quando toda aquela energia estivesse devidamente contida, debaixo do pote, então ele deveria tampá-lo direitinho e levar às autoridades competentes a fim de evitar grandes prejuízos à população da nossa cidade.

_Qual a chance de tornar possível uma coisa dessas? Perguntei aos alunos. 

_ Nenhuma! Claro que isso é impossível – eles responderam. “Só por um milagre isso seria possível!”, disse mais alguém.

Wow! Que resposta incrível! – pensei. Há uma grande verdade contida nessa resposta juvenil. Somente uma ação sobrenatural poderia tornar aquele “plano” de salvar a escola, o bairro e a cidade, possível.

Animado com o que acabara de ouvir, prossegui com minha estratégia/reflexão. Tomei o meu celular na mão e perguntei qual dos alunos ali poderia, atendendo um pedido meu, com uma marreta na mão, destruir completamente o meu celular. Outra vez a conclusão foi rápida e precisa: _ Qualquer um de nós! – e eles estavam novamente certos. Não seria necessária habilidade alguma, senão de um pouco de força e coordenação motora, para subir e descer a marreta sobre o aparelho que se pretendia destruir…

Então perguntei: _ Quantos aqui poderiam, agora, montar um aparelho igualzinho a esse, ainda que eu entregasse todas as peças e as ferramentas adequadas?

As coisas ficaram um pouco mais difíceis de serem resolvidas, evidentemente. Talvez estivessem pensando, naqueles poucos segundos de silêncio, na necessidade de outro milagre para tornar a empreitada um sucesso. Certamente consideravam o fato de que destruir era muito mais fácil que montar o celular. Para a destruição do aparelho não se requeria planejamento estratégico, motivação específica, conhecimento elaborado, habilidades adquiridas e exercitadas. Bastava a autorização, um martelo ou marreta e a decisão de quebrá-lo todo.

Então lemos o texto de João 1:1-3: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle; sem Ele, nada do que existe teria sido feito”. E o verso 14 continua: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a Sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”. 

Juntando todas as imagens mentais formadas, começando pela ideia de uma suposta bomba que seria lançada perto da nossa escola, o super-herói com o pote de margarina, a destruição e montagem do celular e agora a Encarnação, concluímos que algo muito especial aconteceu naquela noite em Belém. Algo tão especial e tão importante que não pode ser reduzido à lembranças de final de ano, associadas a presentes e muita comida boa sobre a mesa. Concluímos que Natal é para ser lembrado todos os dias, considerado a todo momento e vivido intensamente com todos os que nos cercam, durante o ano inteiro, a vida toda.

Concluímos que, se era necessário um milagre para conter o poder destruidor de uma ogiva nuclear em um pote vazio de margarina, houve a necessidade de um milagre ainda maior para encapsular todo o poder criativo e criador de Deus em um bebê, nascido de mulher e apresentado aos pastores, e ao mundo, como “o Salvador que é Cristo Jesus, o Senhor!”(Lucas 2:11). Afinal, que poder teria aquela mesma bomba se lançada, por exemplo, contra o sol, uma estrela  de quinta grandeza? Que poder teria a tal ogiva nuclear se lançada para fora da Terra com a intenção de destruir o Universo?

Mas Deus, em Sua infinita misericórdia e bondade, decide limitar-se para revelar Seu amor por nós. Decide encapsular todo o poder do Filho num bebê recém-nascido, porque pretendia dizer o quanto somos importantes para o Céu. Queria que você e eu soubéssemos, por meio de Emanuel, que Sua maior alegria é estar conosco, nos acompanhando no dia-a-dia da nossa jornada, lutando as nossas lutas, comemorando as nossas conquistas, derramando sobre nós as Suas bençãos. Queria que lembrássemos que o Natal não é só um momento no ano para festas e comemorações, mas o anúncio da maior declaração de amor que o Universo já assistiu. E isso tudo não poderia se limitar a um dia, um mês ou um ano, porque uma vida inteira seria pouco para compreender e agradecer o milagre realizado.

Sendo assim, hoje (25 de dezembro), amanhã, a semana que vem e no próximo ano inteiro, aproveite para lembrar que se seria um milagre colocar o poder de destruição de uma bomba atômica num pote de margarina vazio, tal milagre em nada poderia ser comparado à Encarnação, verdadeiro motivo do Natal – este sim o maior de todos os milagres que este mundo já assistiu, embrulhado para presente! Um presente especial para você e sua família.

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.