Maria vivia em Magdala, um importante centro comercial da região. Enquanto por ali vivia, encontrou com Jesus e viveu uma incrível experiência de libertação. Marcos, no relato do Evangelho que leva o seu nome, informa que Jesus expulsara sete demônios de Maria. Esse encontro mudou significativamente a vida de Maria, a ponto de torná-la uma seguidora entusiasmada de Jesus. Sua dedicação e liderança entre as mulheres fica evidente ao lermos os quatro Evangelhos. Ao contrário de outras tantas mulheres que não têm o seu nome citado nas Escrituras, o de Maria é mencionado 14 vezes.
Decidida e engajada, apoiou financeiramente os trabalhos dos discípulos e seguiu Jesus de maneira muito fiel, enquanto Ele desenvolvia Seu ministério itinerante. Por ocasião da prisão de Jesus, diferente de quase todos os outros que fugiram com medo, Maria manteve-se por perto o tempo todo, até testemunhar Sua morte dolorosa na cruz. No domingo, com as especiarias separadas para embalsamar o corpo de Jesus, um costume muito comum na época, saia de madrugada, quando ainda estava escuro, talvez porque não tivesse tempo a perder, em sua intenção de demonstrar gratidão e cuidado com Aquele que demonstrara tanto amor por todos e fora tratado de forma tão humilhante, dois dias antes.
Maria, no entanto, encontrou a pedra removida. Correu para avisar os discípulos e leva consigo uma suposição do que havia ocorrido: “Tiraram do túmulo o corpo do Senhor, e não sabemos onde o colocaram!” (Jo 20:2). Sua declaração revela uma prática que provavelmente se tornara comum já naqueles tempos: o roubo de túmulos. Segundo D. A. Carson, “o roubo de túmulos era tão comum que o imperador Cláudio (41-54 d.C) acabou ordenando que a pena de morte fosse aplicada aos condenados por destruição de túmulos, remoção de cadáveres ou até remoção das pedras que fechavam a entrada dos túmulos. Assim, não é de surpreender que a visão da pedra removida tenha levado Maria Madalena a tirar a conclusão que tirou”.
Ao voltar ao túmulo, com Pedro e João, que vieram certificar-se de seu testemunho, ali permaneceu chorando, enquanto os discípulos foram avisar os outros. De onde estava, à entrada do sepulcro, viu dois anjos que estavam assentados onde antes estivera o corpo de Jesus. “Os anjos lhe perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?” (Jo 20:12). Maria está tão chateada com o ocorrido que insiste em sua pressuposição: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram”.
De repente mais alguém se interessa por seu sofrimento. “Mulher, por que está chorando?”, perguntou ele. “A quem você procura?” (Jo 20:15). Talvez por estar com a visão comprometida pelas lágrimas, Maria não consegue reconhecer, de pronto, quem estava falando com ela. Pensa ser um jardineiro, interessado em sua dor, ou alguém que pudesse dar notícias do que se havia feito com o corpo do Mestre. Mas Maria precisa considerar com cuidado as perguntas que lhe foram feitas. Mais tarde, talvez, com tempo para pensar no ocorrido, provavelmente ponderou sobre as perguntas, analisando-as de um outro ponto de vista. A primeira pergunta soa como uma repreensão suave; a segunda, tem a intensão de provocar uma importante reflexão, afinal, Maria precisa entender que tipo de Messias ela estava procurando. Até porque, por maior que fosse sua devoção, sua compreensão da magnitude de tudo o que estava ocorrendo ainda era muito pequena.
Ao ser chamada pelo nome, ela finalmente reconhece a voz de quem estava a lhe falar. Jesus estava vivo, exatamente como havia predito, e agora, revelava-se a ela, antes mesmo de ter ido ao Pai. Podendo ter decidido apresenta-se primeiro aos discípulos, Jesus escolhe uma Grande Mulher para ser a primeira testemunha ocular da ressurreição. Isso é muito significativo, e especial. Foi um grande privilégio oferecido a Maria Madalena. O Senhor recompensou Maria por sua fidelidade e coragem. Em sua graça extraordinária, O Mestre escolheu uma mulher para dizer aos discípulos que os planos ainda estavam valendo; que tinham um encontro marcado e muito trabalho para fazer. O Eterno escolheu uma mulher para anunciar a gloriosa vitória de Cristo sobre a morte, e as implicações deste evento na vida de todos os que viessem a crer nessa grande verdade.
A fidelidade de Maria e sua determinação e alegria ao anunciar a boa nova da ressurreição mostram a todas as mulheres, e homens, como um encontro com Cristo pode transformar a vida para sempre. As perguntas com as quais o Mestre se apresentou a Maria, devem reverberar ainda hoje em meus ouvidos. Ao buscá-Lo, em momento de dor, solidão, saudade e tristeza, certamente o ouvirei perguntando outra vez: (1) “Por que choras?” Quais são as verdadeiras causas da tua dor? O que realmente lhe aperta o coração? Quais são as verdadeiras motivações do teu pedido? O que realmente faz as tuas lágrimas rolarem pelo rosto? (2) “A quem você procura?” Como me reconheces? Que tipo de Messias eu sou para você? Quanto estás disposto a confiar em mim? Quanto da minha soberania você está disposto a aceitar? Que tipo de envolvimento você pretende ter no plano de expansão do Reino? Quanto do seu coração e vida estás disposto a me entregar?
Marcilio Egidio
Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.