Grandes Mulheres - Maria

Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.

João 19:26-27

Chegamos ao final de mais uma jornada. Durante este mês de março destacamos o valor da mulher, especialmente, atribuído por um Deus Criador, que deseja, a todo tempo, conferir honra e valor aos Seus filhos e filhas. Foram histórias incríveis de Grandes Mulheres chamadas para assumirem o protagonismo planejado pelo Céu, em momentos importantes da história do povo de Deus.

A começar por Eva, a primeira mulher, criada pelo Eterno para ser companheira de Adão, percorremos as Escrituras listando mães, esposas, rainhas, camponesas, israelitas e estrangeiras. Em nossa lista, deste mês de março, lembramos de sacerdotisas, profetisas; mulheres cujos nomes foram eternizados nos registros sagrados. Também encontramos meninas, viúvas e esposas, que foram identificadas apenas por suas funções sociais ou grau de parentesco, mas cujos feitos nos serviram de grande auxílio, enquanto buscávamos refletir sobre o plano de Deus para nossa vida. Teríamos, ainda, outras tantas mulheres para serem listadas aqui também, como prova do valor que Deus dá à figura feminina e a importância da contribuição das mulheres no plano da salvação.

Nossa lista, por ora, será encerrada com outro grande nome do universo feminino. Se de João Batista foi dito que dos homens nascidos de mulher, nenhum se comparava a ele, então, de Maria, podemos dizer que, das mulheres que geraram filhos, nenhuma teve maior privilégio; a ela foi concedida a graça de gerar o Messias! Certamente foi escolhida, entre tantas outras, porque seu caráter refletia com mais perfeição os ideais divinos de maternidade. Ainda que muitas outras mulheres ansiassem pelo privilégio de gerar o futuro rei de Israel, Maria estava entre os poucos que ainda aguardavam o cumprimento da profecia, com coração devoto e real desejo de fazer a vontade de Deus. Sua determinação e bravura se tornam marcas distintas de sua devoção ao aceitar o desafio de gerar um filho pela ação do Espírito Santo. Assumiu, em nome de sua fé, o risco de ser abandonada por José, de quem estava noiva, às vésperas de seu casamento. Durante o tempo em que teve Jesus sob seus cuidados, colocou-se a disposição do mesmo Espírito que a fizera conceber, para oferecer a melhor instrução possível Àquele que mais tarde seria identificado como o Cordeiro de Deus.

Dos registros em que seu nome é citado, ou quando foi mencionada por Jesus, ou algum outro personagem, escolhemos um para nossa reflexão de hoje. Se pudéssemos pintar um quadro desta cena, a imagem mostraria Jesus pendurado numa cruz, recorrendo ao restante de suas forças, para tratar de assuntos que considerava importante, não obstante de seu sofrimento. Diante da cruz, com o coração partido, e os olhos marejados de lágrimas, está Maria, sua mãe, acompanhada de João, o discípulo amado.

Como quem precisa dar um recado urgente, antes que seja tarde demais, Jesus percorre o olhar entre aqueles que estão ali, assistindo a tudo o que estava acontecendo. Como se tornara muito comum durante Seu ministério, também nessa hora havia uma multidão reunida. Alguns vieram para assistir a mais um espetáculo de terrível crueldade; talvez estivessem entre aqueles que mais cedo, gritaram, diante de Pilatos, pedindo pela morte de Jesus. Certamente estavam os líderes religiosos que planejaram toda a armadilha e forçaram o governador a se pronunciar a favor de seus interesses egoístas e hipócritas. Quem sabe houvesse ali alguns daqueles que foram atendidos por Deus, através de Jesus; gente que recebera cura e perdão, que foram restituídos aos seus lares depois de anos de afastamento por causa de suas enfermidades. Estupefatos não conseguiam entender o que estava, de fato, acontecendo.

Os olhos de Jesus, porém, vaguearam sobre a multidão que se reunira para testemunhar Sua morte e Ele viu, junto à cruz, João amparando Maria, sua mãe. Justamente por não suportar a ideia de ficar longe de seu filho numa hora tão terrível, ela havia retornado à cena da crucifixão, e ali permaneceria enquanto fosse possível. Talvez, entre os seus pensamentos, tenha passado a ideia de trocar de lugar com Ele, caso fosse uma opção; quem sabe estivesse pensando em como seria sua vida daquele dia em diante. Mas Jesus tem ainda uma lição importante para ensinar, e a última lição de Jesus foi de amor filial.

Olhando o rosto abatido de Sua mãe, e então a João, disse, dirigindo-Se a ela: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19:26). Depois, ao discípulo: “Eis aí tua mãe” (Jo 19:27). O fato de Jesus confiar Sua mãe aos cuidados de um discípulo pode ser visto como uma evidência de José já não estava mais vivo, e ela, como viúva, precisaria ser amparada por alguém que fosse de confiança. João  compreendeu muito bem as palavras de Jesus, e o sagrado dever que lhe foi confiado. Imediatamente removeu a mãe de Cristo da terrível cena do Calvário, e daquele momento em diante cuidou dela com a devoção de um filho obediente, levando-a para estar com ele em sua casa. Mas uma vez o Mestre deixa a Sua marca, revelando não apenas o Seu cuidado por aquela que lhe acompanhara desde sempre, mas também o seu desejo de ver o mesmo gesto sendo repetido na vida de todos aqueles que se identificam como cristãos. Ainda que estivesse sob o peso da mais aguda tortura, Ele não Se esqueceu de Sua mãe, e fez toda a provisão necessária para seu futuro.

Lembrei-me agora do quinto mandamento (Ex 20:12). Lembrei-me que atender as expectativas envolvidas neste mandamento vai muito além de obedecer pai e mãe quando estamos sob seus cuidados. Honrá-los está mais ligado a oferecer, como forma de gratidão, o que deles um dia recebemos. Honramos quando nos lembramos que um dia fomos conduzidos por eles, porque não tínhamos, ainda, habilidade para atravessar a rua sozinhos, e agora, seguramos em suas mãos porque eles já não têm os esmos reflexos de antes, e precisam de ajuda para chegar ao outro lado da avenida. Honramos ao nos lembrarmos de quando precisávamos de ajuda para fazer chegar a comida em nossa boca, e agora, com a mesma paciência, brincamos de aviãozinho com a colher, enquanto servimos uma refeição saborosa a quem passou a ter seus movimentos reduzidos, ou mesmo limitados, por conta da idade.

Lembrei-me ao ouvir Jesus fazendo um pedido especial a João: Amigo, cuida da minha mãezinha, pra mim? Por favor! Não posso deixá-la só, depois de tudo o que ela fez por mim. Cuide com carinho, por favor. E conta esta história, depois, para todo mundo que você puder. Quero que o Marcílio saiba, quando chegar a hora, que esta também deve ser a decisão dele em relação à dona Edileusa. Pode ser, João? Você me ajuda? Muito obrigado, amigo!

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Marcilio Egidio - Marcilio - Egidio - Coletivo Cafarnaum

Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.