Mais uma vez Israel vivia um momento de apostasia generalizada. Embora a grande maioria tivesse escolhido adorar os deuses pagãos das nações vizinhas, um grupo menor de fiéis adoradores do Deus Eterno de Israel continuaram suplicando pelo auxílio do Senhor. Pediam por um novo libertador. Um líder que pudesse ir adiante de suas batalhas, não apenas contra os inimigos anunciados, mas também contra a idolatria do povo.
Nesse contexto encontramos nossa Grande Mulher de hoje. Aparentemente de origem simples, essa distinta senhora não tem nem mesmo seu nome citado na bíblia. Ao referir-se a ela, o autor de Juízes menciona apenas que era a esposa de Manoá. Como algumas outras heroínas da história bíblica, ela também era estéril, e por essa razão, sua felicidade como esposa e mulher estava comprometida. A cultura da época julgava quase como amaldiçoada a mulher que não pudesse ter filhos. Mas Deus tinha outros planos para aquele casal, e especificamente, para a esposa de Manoá.
Então, “O anjo do Senhor apareceu à esposa de Manoá e disse: “Embora você não tenha conseguido ter filhos até agora, ficará grávida e dará à luz um filho” (Jz 13:3). Esse estranho não apenas anunciou a tão desejada gravidez como também deu instruções bem específicas quanto aos cuidados pré-natais e a infância do menino. “Portanto, tenha cuidado; não beba vinho e nenhuma outra bebida fermentada, nem coma nenhum alimento que seja impuro. Você ficará grávida e dará à luz um filho, do qual jamais cortará o cabelo, porque ele será consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento. Ele começará a libertar Israel das mãos dos filisteus” (Jz 13:4 e 5).
Aquele mensageiro apareceu à esposa de Manoá com uma mensagem tão diferente quanto a sua aparição e seu aspecto. O mensageiro deu instruções quanto aos hábitos dela e também como deveria cuidar do menino depois do nascimento. Revelou também que Deus tinha um plano especial para o povo, e que a criança teria participação importante nesse plano. A notícia deve ter enchido de alegria o coração daquela mulher. Por certo havia sofrido muita humilhação por causa de sua esterilidade; talvez vivesse envergonhada por não poder dar continuidade à história de sua família, mas agora havia um fio de esperança. Correu para contar os últimos acontecimentos a seu esposo, e revelar a razão de sua alegria.
A mensagem dada, os motivos envolvidos, a maneira como aparece e vai embora, as respostas que ele dá quando seu nome foi solicitado, nos faz entender que este estranho, identificado como O Anjo do Senhor, seja o mesmo que apareceu a Moisés, Josué e Hagar. Ainda que a esposa de Manoá fosse uma mulher muito simples, sua fidelidade a Deus lhe possibilitou um encontro pessoal com o Criador do Universo. Era Deus quem falara com ela, anunciando Seu plano para o futuro de Israel. Sua simplicidade pode ser observada na preocupação do esposo em pedir a Deus que o Mensageiro voltasse para repetir as instruções, mas esse era apenas um detalhe.
Qual seria o nome desta Grande Mulher? Como poderíamos identificá-la, se quiséssemos ir além de chamá-la de esposa de Manoá? Onde estaria morando, se fosse alguém que dividisse conosco, em pleno século XXI, os desafios da vida moderna? Como seriam sua casa, seus móveis, seu meio de transporte e seu maior tesouro? Quais seriam suas preocupações, os motivos de sua angústia e seu maior sonho? Que tipos de conversas ela teria com Deus, nas madrugadas de insônia e lágrimas?
Não importa! Deus não estabelece esse tipo de pré-requisito quando decide abençoar a vida de uma de Suas filhas. Não se detém em classificá-las por meio de classes sociais, posses ou formação acadêmica. A história da mãe de Sansão, esposa de Manoá, me ajuda a compreender que, ao estabelecer Seu plano, o Eterno olha para o coração, ao invés de se preocupar com o que temos para ser visto no exterior, e por ser soberano em Suas decisões, pode escolher tanto alguém da mais alta classe social, quanto alguém tão simples como eu. Fico feliz de saber que exatamente agora, posso estar na mira do radar de Deus, e ser o alvo de um de Seus grandes planos para a humanidade, ou simplesmente da ação de Seus atos de misericórdia – que no meu caso, já seria uma grande benção!
Marcilio Egidio
Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.