DEVOCIONAL - T1 | E15

Explosão de Alegria (3)

 

Mas tu, Senhor, és fortaleza para os pobres, torre de refúgio para os necessitados em sua angústia. És abrigo contra a tempestade e sombra contra o calor.” Isaías 25:4 

Como havia dito antes, gosto de pensar em ao menos três aspectos que estão ligados ao louvor, como expressão de alegria e gratidão a Deus. Primeiro, acredito, não se pode louvar de verdade sem que se tenha um motivo para louvar. Ainda que parecesse óbvio, vimos a importância de considerar a questão, porque é possível que estejamos louvando como se não tivéssemos motivo para louvar. Em segundo lugar, considero muito importante, também, que se tenha disposição para louvar, e como exemplo do que estou tentando dizer, vou seguir com a história do garoto e seu presente.

Imagine que o menino, ao receber o presente que ele tanto esperava, ao invés daquela aguardada expressão de euforia e reação explosiva, pulando de alegria e contentamento, simplesmente esboçasse um sorriso meio forçado, para não parecer ingrato, deixasse o presente dentro da caixa em que estava embalado e, sob o argumento de que estava preocupado em não quebrar já no primeiro dia, fosse guardar o brinquedo que você comprou. Talvez essa reação causasse, inclusive, um certo constrangimento a você e aos pais do garoto, que passariam a pensar nas razões que levaram o aniversariante a reagir daquela forma.

Olhando para a cena, e analisando sob a ótica do contexto que estamos considerando, o garoto ansiava pelo presente, contara os dias para a chegada do aniversário e imaginara a possibilidade de alguém atender o seu pedido. Finalmente chega o grande dia, seus amigos e convidados estão por ali com ele, e os presentes estão chegando. De repente, ele está diante de uma caixa que contém o tão esperado brinquedo. Ele tem ao menos um bom motivo para ficar muito feliz e reagir de forma eufórica, mas ele não está disposto a expressar sua alegria – não naquele momento.

Ainda que tenha um bom motivo, ele não está disposto a demonstrar que ficou muito feliz com o presente que recebeu. Ele simplesmente resolve não reagir como era esperado que reagisse. Permaneceu apático!

Em nossa relação com Deus, muitas vezes reagimos exatamente dessa forma. Temos consciência das bençãos que recebemos do Céu, temos provas suficientes de que fomos alvos da misericórdia de Deus e reconhecemos o perdão que nos foi oferecido todas as vezes que pedimos sinceramente por ele.  Por vezes, em resposta às nossas orações, Deus tem se manifestado através de grandes milagres. O que não nos faltam são motivos para louvar o Senhor, mas outro problema, tão grande quanto o de louvar como se não tivéssemos motivos, é não estarmos dispostos a expressar nossa gratidão através do louvor.

Quando não há uma predisposição de nossa parte, em demonstrar nossa alegria pelo que o Senhor tem feito por nós, creio que o resultado obtido seja semelhante à da cena do aniversário. Todos os que estão a nossa volta ficam sem entender o que está acontecendo, afinal, como cristãos, geralmente gostamos de falar da nossa comunhão com Deus como sendo algo muito especial. Insistimos em tornar conhecido de todos os motivos pelos quais temos orado e os pedidos e sonhos que apresentamos a Deus. Por vezes, pedimos que amigos e familiares intercedam por nós, diante do Criador, na expectativa de que um milagre aconteça tão rápido quanto possível, mas corremos o risco de nos comportarmos como crianças birrentas, que não têm a menor intenção de demonstrar a nossa alegria ao recebermos o tão aguardado presente do Céu.

E por que deveríamos reagir de maneira efusiva e contagiante? Por que demonstrar tanta alegria assim, diante do presente recebido? Talvez porque demonstremos disposição para agir assim diante de acontecimentos, ou em ocasiões, menos relevantes.

Digo isso porque já estive com pessoas que estavam mais dispostas a comemorar um gol do seu time do coração, com saltos, gritos e muita euforia, mas não tinham interesse algum em demonstrar sua gratidão a Deus pela família que tem, através de uma canção – ainda que estivessem na igreja, reunidas com outros tantos amigos que sabiam de suas lutas. Já estive em festas e celebrações onde quem me convidou chamou também uma porção de outros amigos para comemorarmos juntos suas últimas conquistas pessoais, mas nunca o vi chamar esses mesmos amigos para uma celebração de fé, com sua comunidade religiosa, onde ele, ou ela, tomariam parte no louvor em gratidão a Deus pelo dom da vida.

Mas há algo ainda pior, ao menos pra mim, nesta história toda. Vez por outra, me encontro com alguém que age exatamente assim, demonstrando pouca disposição de louvar, expressando toda a sua alegria, já que motivos não lhe faltam para uma explosão de felicidade. Ocasionalmente vejo em seus olhos a expressão de tristeza por saber que deveria ser diferente; deveria ter forças e disposição para testemunhar com mais alegria que aquela demonstrada em áreas mais simples da vida. O pior de tudo, é que sempre que me encontro com ele estou olhando para o espelho!

Por essa razão, minha oração de hoje será: Deus, tem misericórdia de mim! Perdoa-me pelos meus fracassos e por todas as vezes em que não estive disposto a fazer com que todos soubessem o que tens feito por mim. Perdão pelas expressões tacanhas do meu louvor empobrecido e limitado pela timidez. Perdão pela postura ingrata diante dos “presentes que me ofereces todos os dias. Perdão, Senhor. Perdão! Amém.

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Quem Escreve:

Marcílio Egídio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Um colecionador de bons amigos.