Explosão de Alegria(2)
“Ó Senhor, honrarei e louvarei teu nome, pois és meu Deus. Fazes coisas maravilhosas! Tu as planejaste há muito tempo e agora as realizaste.” Isaías 25:1
Ainda tratando de louvor, gosto de pensar em ao menos três aspectos que estão ligados a essa expressão de alegria e gratidão a Deus. Não que sejam requisitos obrigatórios e indispensáveis, mas tenho a impressão que estejam entre os ítens a serem considerados quando se trata desse assunto.
Primeiro, acredito, não se pode louvar de verdade sem que se tenha um motivo para louvar. Parece óbvio, mas penso ser muito importante considerar essa questão.
No caso que demos como exemplo, do garoto que acaba de receber o presente que ele tanto esperou, temos claramente apresentado o motivo de sua explosão de alegria. Ele não teve como se conter porque estava diante da realização de um sonho. Como adultos, também reagimos assim, embora a sociedade nos faça acreditar que, junto com a maturidade chega também a necessidade de controlar nossas reações de alegria consideradas infantis.
Estou me lembrando, agora, de pessoas que testemunhei recebendo um presente especial e tentando expressar sua alegria de maneira contida, davam “pulinhos” e sussurros, batendo palmas com a ponta dos dedos, tudo ao mesmo tempo, quando sua vontade era pular de verdade, gritar de verdade e bater palmas de verdade – para serem ouvidas a quilômetros de distância.
Outro dia fui convidado por um vizinho para assistir um encontro de corais que seria promovido por sua comunidade religiosa. À época, tínhamos um trato. Ele iria assistir, a convite meu, um programa na “minha igreja”, e depois eu assistiria um na igreja “dele”. A ideia era perfeita e empolgante, até porque, mesmo não sabendo quase nada de técnicas vocais ou musicais, gosto muito de ouvir, e aprecio uma boa música. Assim, no dia marcado, lá estava minha família e eu para assistir o anunciado, e muito aguardado, encontro de corais.
Lembro de alguns detalhes das apresentações, tenho uma vaga lembrança de alguns hinos que foram cantados pelos grupos que se apresentaram, mas uma coisa, ou melhor, alguém que esteve lá, nunca mais me saiu da memória. Alguém que, no meio daquela multidão, decidiu estar um pouco a frente da fileira onde me assentei. Na verdade, para ser mais específico, ele estava na fileira à frente da minha, duas cadeiras para a direita.
Um pouco antes de começarem as apresentações, houve um momento de louvor congregacional. Os hinos foram projetados, os instrumentos tocados, e o ministro de louvor conduzia com maestria aquele momento, quando reparei no irmão à minha frente (duas cadeiras para direita!). A letra da música, que por sinal era ouvida também em todas as emissoras de rádio evangélicas por aquele tempo, dizia não haver Deus maior, não haver Deus melhor e não haver Deus tão grande, como o nosso Deus. Também falava de Seu poder criador e Sua demonstração de amor por Seus filhos, homens, mulheres, jovens e crianças como cada um dos que estavam ali naquele lugar. Todos cantávamos a canção, claro, mas aquele cidadão me chamou a atenção.
Ele decidiu não apenas cantar, mas cantar com toda a força de seu pulmão. Ao que percebi, para ele cantar com toda a força do pulmão não era o suficiente, ele precisava gesticular efusivamente, e o fazia, vez por outra, inclusive, com os olhos fechados. Para ele não bastava cantar com toda a força do pulmão, gesticular efusivamente, de olhos fechados, tendo as artérias do pescoço saltando para fora, ele precisava sentir a música e louvar com a mesma alegria de uma criança que acaba de receber o melhor presente da vida.
Aquele camarada não estava preocupado com o que eu pensava a respeito da maneira como ele decidiu louvar o Senhor. Ele não estava preocupado em se adaptar a qualquer modelo específico de adoração. Ele simplesmente acreditava no que estava cantando, e tinha motivos mais do que suficientes para louvar. Suas expressões, sua disposição e sua emoção não me saem do pensamento desde então – já se passaram 25 anos e me lembro disso como se tivesse acontecido ontem!. Mas naquela noite nem tudo foi tão bonito quanto ver aquele “meu irmão” cantando. Na fileira atras dele, duas cadeiras para a esquerda, eu o observava com o coração apertado. Eu, como ele, tinha todos os motivos para louvar a Deus, como ele estava louvando, mas cantava como se não tivesse motivo algum. Cantava como se Deus não fizesse por mim mais do que Sua obrigação. Cantava como se eu fosse o dono do mundo e Deus um servo que acabara de me atender um pedido específico. Naquele dia aprendi uma grande lição.
Sei que você tem muitos motivos para louvar. Imagino que entre eles esteja o fato de se reconhecer amado e cuidado por Deus. Penso que também reconheça que Ele nos presenteia todos os dias com a renovação de Suas misericórdias, além de nos oferecer o Seu perdão e Sua graça. Tenho a impressão que você, como eu, reconheça o cuidado que Ele tem por sua família e amigos, e a disposição dEle em garantir o nosso sustento e a nossa saúde. Talvez você já tenha sido alvo de um milagre que Ele decidiu realizar, ou atendendo um pedido teu, realizou na vida de alguém que você ama – e tudo isso sem que mereçamos absolutamente nada!
Se for assim, como imagino que seja, motivos temos de sobra para expressar nossa felicidade e alegria, louvando o Senhor Deus, criador do Universo e mantenedor da nossa existência. Motivos para louvá-lo de todo coração, de toda alma e com toda a força de nosso ser.
Por que não escolher para hoje uma ou mais canções que expressem essa nossa felicidade e cantá-las durante o dia inteiro e, quando possível, inclusive, gesticulando, sentindo e vivendo as sensações de quem ora enquanto canta? “Ó Senhor, honrarei e louvarei teu nome, pois és meu Deus”, diz o nosso verso de hoje, “Fazes coisas maravilhosas! Tu as planejaste há muito tempo e agora as realizaste”, e também por isso, estamos felizes!
Hoje, minha oração será: Deus, obrigado por fazer coisas maravilhosas na minha vida e na vida da minha família. Obrigado por planejar, há muito tempo, cada detalhe da minha felicidade. Obrigado por incluir os meus amigos em Teus planos ao atender os meus pedidos. Agora, Senhor, dá-me um coração ainda mais disposto a te louvar com todas as forças do meu ser. Perdoa-me pelas vezes que louvei como se eu não tivesse motivos. Perdoa-me pela arrogância de achar que mereço ser servido pelo Céu, quando na verdade, tudo o que recebo são atos de Tua bondade e misericórdia por mim. Amém!
A sugestão de música para ilustrar nosso Devocional de hoje vem de Brasília, DF, e quem nos enviou foi:
- Reivellyn Almeida - DF
Marcílio Egídio
Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Um colecionador de bons amigos.