Outro dia, escrevi um outro devocional sob o título “Se Deus Quiser!”, onde considerei a benção de poder colocar-me inteiramente a disposição de Deus, dando a Ele o controle da minha vida, como quem entrega a chave de casa a um profissional contratado para fazer uma reforma e sai para viajar, certo de que quando voltar estará tudo muito melhor que antes.
Claro, gostamos da ideia de ser surpreendido com algo que vai sempre além das nossas expectativas. Reagimos, quase sempre, de maneira agradável e contagiante às surpresas que nos trazem benefícios imediatos, ou que são respostas de pedidos feitos, não importa a quem. Basta lembrar algumas, ou cada uma das vezes, em que um amigo, ou familiar, com quem temos um bom relacionamento, sabendo do nosso interesse por determinado produto ou evento, e lembrando-se de todas as vezes que deixamos transparecer nosso desejo por algo específico, tornou real o nosso sonho, em nome da nossa felicidade.
Já ouvi histórias que falavam da felicidade de alguém que sonhou boa parte da vida com a festa de quinze anos que nunca teve. No momento em que esse sonho tornou-se realidade ela já tinha vivido o suficiente para festejar quatro vezes quinze! Mas naquele dia a idade era só um detalhe. A surpresa foi encantadoramente empolgante, e as reações imagino terem sido muito mais contagiantes do que se a mesma festa tivesse ocorrido na data certa. Afinal, um sonho se realizava. Um pedido trazido há anos, bem guardado no coração, agora era atendido, e tinha de ser muito festejado.
Penso que quando falamos da nossa relação com Deus, sabendo quem Ele é, e o que pode fazer por todos nós, temos sempre a impressão que responderá positivamente cada uma de nossas solicitações. Durante muito tempo imaginei qual teria sido a razão pela qual Deus não me respondera exatamente como eu pedira. Ouvia falar do Seu poder, da Sua bondade e do Seu desejo de me ver feliz, considerando sempre a hipótese de que estava lá, em algum lugar do Céu, para me servir e fazer tudo o que eu pedisse, ou quisesse. Demorei para entender algo tão importante quanto tudo que envolvia a expressão “Se Deus quiser!”. Imagino que esse tenha sido também o dilema da Carol.
Carol é uma jovem que você precisa conhecer. Imagino que também vá se encantar com ela. Sorriso discreto, mas cativante; conversa agradável e inteligente. A Carol é daquelas pessoas que a gente não se importa de ter em casa todo final de semana, para bater papo e rir até doer a barriga (embora eu sempre diga o contrário, só pra ela não ficar se achando demais). Jeito simples, educada. Nunca a vi destratar os mais velhos da nossa casa. Acho que por essas e outras razões, sempre arrumamos um jeito de tê-la por perto pra almoçar com a gente.
Mas acho que em algum momento a Carol considerou, como eu já fizera muitas vezes, que havia algo de errado naquela lógica que preferimos admitir. Imagino que começou a pensar nas razões pelas quais as coisas não fluíam na direção das respostas mais positivas às suas orações. Talvez, como todos nós, em meio às lutas pessoais, ela tenha começado a pensar que não valia mais a pena seguir com a fé que fora alimentada em sua infância por histórias bíblicas de heróis bem sucedidos. Imagino que, em meio a uma lista enorme de pedidos aparentemente não atendidos, ou um único desejo que fosse, com força suficiente para fazê-la repensar sua decisão, a Carol escolher tentar resolver do seu jeito – sem Deus!
Mas então, por que Deus não responde? Por que permite que fiquemos tão angustiados, pensando, até mesmo na possibilidade dEle não estar se importando? Pior, por que temos a sensação que Ele está distante, justamente quando mais precisamos?
Ananias, Mizael e Azarias, os três amigos de Daniel, como são conhecidos pelas crianças, me ajudaram a entender que minha opinião sobre quem é Deus, ou sobre o que Ele é capaz de fazer, não muda absolutamente nada para o Criador. O que eu acho que posso dizer a Seu respeito às outras pessoas, não vai mudar nenhum pouco o futuro de Deus. Ele vai continuar sendo exatamente quem Ele é, por toda a eternidade. No entanto, o que Deus pensa a meu respeito, e o que Ele pode dizer de mim mesmo a Seus outros filhos, muda completamente o desfecho final da minha história.
“Ó Nabucodonosor, não precisamos nos defender diante do rei”, começaram os jovens; “Se formos lançados na fornalha ardente, o Deus a quem servimos pode nos salvar. Sim, ele nos livrará de suas mãos, ó rei” – disseram eles, com a convicção de quem sabe que Deus prometeu cuidar de todos nós, e está disposto a ouvir nossas orações. Mas essa não era a única possibilidade apresentada. Não estavam limitados a um “se Deus quiser, vai dar tudo certo!”. Aqueles jovens consideravam também a possibilidade de Deus não querer. Havia a possibilidade de Deus ter outros planos e do Criador estar pensando em alternativas que eram desconhecidas dos rapazes, mas para aqueles três amigos, isso não faria com que Deus deixasse de ser Soberano em Suas escolhas.
Outros amigos do Clube de Desbravadores Ebenézer cantaram essa canção pra Carol quando ela decidiu voltar. Claro que não foi um retorno tão simples. Como você e eu, a Carol continua lutando, pedindo e esperando. Se Deus quiser, Ela vai ficar bem – eu creio nisso! Mas, se por alguma razão, em algum momento ela não estiver tão bem assim, quem sabe possamos, você e eu, cantar para ela essa música que tanto fala ao seu coração…
A sugestão de música para ilustrar nosso Devocional de hoje vem de Guarulhos, SP, e quem nos enviou foi:
Caroline Monteiro

Marcilio Egidio
Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.