Continue Esperando

“No devido tempo, Ana engravidou e teve um filho. Ela lhe deu o nome de Samuel, e disse: ‘Eu o pedi ao Senhor’.”   I Samuel 1:20

A história de Ana, na Bíblia, é uma daquelas que impressionam os leitores, não só por causa da devoção desta filha de Deus, mas pela maneira como Deus reage a seus anos de oração e seu insistente pedido para ser mãe. 

Ana era membro de uma família peculiar. Seu esposo, contra a vontade, e contra o plano de Deus, tinha outra esposa. Esta, por sua vez, quem sabe por ciúmes do amor  que Elcana dedicava a Ana, provocava-a insistentemente em função de sus esterilidade. Isso mesmo, Ana não podia ter filhos, e em seu tempo, a impossibilidade de ter filhos era visto como uma espécie de maldição. Diante desse quadro, a protagonista de nossa história de hoje insistia em seu plano, mesmo sob o protesto de seu esposo, que devotando-lhe todo amor e carinho, passou a entender que a expectativa de ser mãe se tornara uma preocupação exagerada de Ana, que aparentemente não valorizava seu amor por ela. O relato bíblico informa, entre outras coisas, que certa vez, enquanto orava no Templo, foi repreendida pelo sacerdote Eli, que entendendo que ela estava bêbada, tratou de chamar-lhe a atenção. Ana não se deixou abater, nem mesmo permitiu que qualquer sentimento de mágoa ou decepção em relação a seu amado esposo e seu líder religioso, a afastasse de seu objetivo principal.

Foi além do pedido por um filho. Decidiu que se fosse abençoada com uma gravidez, se Deus lhe permitisse ser mãe, devolveria seu maior presente ao Senhor e o traria de volta ao templo, onde seu filho serviria a Deus por toda a vida, como sacerdote.

Enquanto derramava sua alma diante do Eterno, foi observada mais de perto pelo sacerdote Eli. Observando Ana com mais cuidado, percebe que o aparente ato de falar sozinha não se tratava de embriaguês, mas de profundo desejo de ser ouvida por Deus. Eli, como veículo de comunicação de uma mensagem que vinha do Céu, ordena a Ana que volte para casa com a certeza de que suas preces finalmente seriam atendidas. Quando a menino nasceu, foi lhe dado o nome de Samuel, como lembrança que seu nascimento fora resposta à oração de sua mãe.

Estaria Deus tão ocupado com uma porção de outras coisas, algumas até mais importantes, que não pôde atender às solicitações de Ana? Estaria Ele indiferente a um pedido tão especial por considerar que Ana poderia ser feliz, mesmo sem um filho para chamar de seu? Se sim, em quais áreas da nossa vida o Criador estaria mais interessado? Haveria, então, no coração do Pai, uma ordem específica para os pedidos que são feitos, colocados numa espécie de lista de prioridades, que determinaria o tempo para Sua resposta?

Conversava com minha sobrinha outro dia. Ela me falava de alguns de seus sonhos. Como toda jovem, ela tinha uma lista deles, desde os mais simples, relacionados ao cotidiano, aos mais complexos, que envolvem planos de médio e longo prazos. Nossa expectativa de receber as respostas positivas de Deus, claro, entraram na pauta da conversa, e histórias como a de Ana, fizeram parte das estratégias argumentativas. Mesmo assim, não foi, e ainda não é tão fácil entender, ou aceitar. Reconhecemos, minha sobrinha e eu, que o fato de estarmos limitados ao tempo e ao espaço, somos por natureza ansiosos. Aliás, pareceu-nos que, com o passar do tempo, ficamos ainda mais angustiados com as incertezas do futuro. Essa nossa tendência de estar no controle de tudo, principalmente nos aspectos que nos dizem respeito, tem nos feito sofrer demais – e pior, sem necessidade.

À época, sua expectativa quanto o curso que faria na faculdade, assim que terminasse o ensino médio, estava tomando um espaço enorme em sua planilha de preocupações. Estava ficando cada vez mais angustiada com seu futuro profissional, e por crer no interesse de Deus em sua felicidade, orava pedindo pela ajuda do Céu. Mas Deus parecia ocupado demais, cuidando de um Universo inteiro, e ajudá-la na escolha do curso, e da faculdade onde estudar, talvez não estivesse em Sua lista de prioridades. Quem sabe o pedido tivesse chegado ao conhecimento de Deus num momento de grande “correria” na Central de Relacionamento Celestial, e Deus tivesse pensado: “Esse aqui é o pedido da Evelyn? Ela pode esperar mais um pouco. Agora estou muito ocupado!”

Ana esperou por muito mais tempo, e a aparente demora de Deus era estratégia e pedagógica. Deus certamente tinha planos muito maiores não só para Ana, mas principalmente para Samuel e o povo de Israel. O filho de Ana se tornou o maior sacerdote, o maior líder, o maior profeta e maior juiz de sua geração. O mesmo Deus que aparentemente se esquecera de Ana, planejara escrever o nome de sua filha fiel na história de Israel, e escolhera seu filho, resposta de sua insistente oração, para representá-Lo diante do povo. Tivesse Ana condições de ver o futuro, seu coração teria se acalmando já à partir da primeira vez que orou.

Quanto a nós, minha sobrinha e eu, estamos tentando exercitar nossa confiança em Deus, entregando nosso futuro, nossas ansiedades e nossas expectativas, as maiores e as menores, nas mãos do Criador. Ele vai estar sempre conosco, quanto a isso não temos dúvidas. Ele quer nos acompanhar num passeio no parque, em um dia ensolarado, mas também estará ao nosso lado durante a tempestade. Ele foi muito além das expectativas de Ana, certamente cuidará dos detalhes da vida e dos sonhos da Evelyn, e dos seus, caro leitor, não importam as circunstancias. A demora de Deus sempre será Seu modo de criar condições ainda melhores de atender nossa solicitação.

Considere, no dia de hoje, a letra da canção sugerida pela Evelyn, ela pode trazer algum conforto para o seu dia…

A sugestão de música para ilustrar nosso Devocional de hoje vem de Guarulhos, SP, e quem nos enviou foi:

Evelyn Beatriz

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.