Confiante

“No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração na tua salvação.”

Coletivo Cafarnaum - Devocional 2021 - Temporada 2021 - Confiante

Há tempos ouvi uma história incrível de uma mãe piedosa, de um caráter cristão, doce e amorável. Havia experimentado grandes sofrimentos e suportado, pacientemente, os desafios da vida com plena confiança em Deus. Como não poderia ser diferente, enfrentou sua última batalha com destacado triunfo. Descansou no Senhor, depois de nove meses de atroz sofrimento, quando ainda estava com a vida em flor. Nas proximidades dos seus últimos dias de vida um de seus filhos foi obrigado a deixar o lar por conta da demanda de suas atividades acadêmicas. Debilitada e fraca em consequência do prolongado sofrimento, ela não pôde chegar sozinha até à sala para a última refeição em família. Foi auxiliada pelo filho que a tomou em seus braços, levando-a até a mesa. Tomados pela emoção, nenhum dos presentes pôde comer coisa alguma.

O rapaz estava no colégio, cerca de um mês depois, quando lhe veio a mensagem: “Se você pretende ver sua mãe novamente, venha imediatamente”. Tomou, então, o primeiro trem rumo à sua casa. Sabia que aquele dia seria longo e cansativo. Talvez por causa da vontade de chegar e o desejo de ainda encontrar sua mãe com vida, a tempo de se despedir, teve a impressão de que nunca chegaria. Se não bastasse uma baldeação de trens no caminho, incluindo um tempo de espera, ao alcançar a estação de destino, foi necessário utilizar uma condução morosa, num trecho de muitos quilômetros por péssimas estradas. Em todo o caminho o filho orava, pedindo a Deus que poupasse sua mãe até que ele pudesse vê-la, e o Senhor graciosamente respondeu a sua petição, pois encontrava-se ao lado do leito materno poucas horas antes do fim chegar.

Ainda que o momento estivesse marcado de muita emoção e tristeza, foi descrito, mais tarde, pelo filho, como uma doce experiência permitida pela suficiente graça divina! Enquanto a beijava, incapaz de reprimir as lágrimas, ela ergueu os olhos para o seu rosto, olhos sem lágrima, e disse: “Não queria que lhe mandassem chamar, meu filho, mas estou tão alegre em vê-lo. Eu não choraria. Veja, não estou chorando. Não tenho medo de partir. Prefiro ir agora a permanecer mais tempo e sofrer”. Em seguida, sua mãe disse algo que ele jamais esqueceu: “Sei que não existe em mim mérito algum, justiça alguma; mas Cristo morreu para me salvar, e estou confiando nEle. Desejo que todos vocês me encontrem no céu”.

O Salmo 13 começa com uma declaração que mais parece um protesto. “Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto?” (v.1). Mas o salmista não se limita a essas duas questões. Incomodado com a situação que está enfrentando, e dado o seu relacionamento com o Eterno, ainda acrescenta: “Até quando terei inquietações e tristeza no coração dia após dia? Até quando o meu inimigo triunfará sobre mim?” (v.2). Tal comportamento parece evidenciar o sentimento de ter sido abandonado por Deus, por alguma razão que ele mesmo desconhece. Está cansado de fugir e inventar maneiras de manter-se salvo dos ataques de fúria do rei Saul. Decide então abrir uma conversa franca com Deus na esperança de obter as respostas que acalmem a sua alma angustiada.

No entanto, é interessante notar que ao mesmo tempo em que Davi parece sentir-se abandonado por Deus, é exatamente a Ele que o salmista recorre em seu pedido de socorro; é dEle e nEle que busca encontrar a solução para tudo que está enfrentando; é Deus quem dará as explicações, se for o caso, ou responderá com autoridade. Embora o salmista sinta que o Eterno o esqueceu, ainda o chama de “meu Deus” (v.3). “

A sequência deste poema (protesto v.1-2, oração v.3-4), é encerrada com uma expressão de louvor: “Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação” (v.5). Mais uma vez, Davi dá testemunho de sua amizade com Deus. Dá mostras de que é possível conversar francamente com Ele, apresentar-lhe nossas inquietações, pedir por socorro e aguardar pela providência. Ainda que tenha iniciado este lindo poema com um protesto, sua oração agora se transforma numa declaração de plena confiança em Deus. Sabe que o Senhor vai agir, de um modo ou de outro, para solucionar seus problemas. Entende que as lutas mais duras da vida podem nos levar às maiores conquistas da nossa história quando depositamos toda a nossa confiança no Senhor, e o resultado mais espetacular dessa história toda, é um coração agradecido que transborda de alegria em forma de canção: “Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito” (v.6).

Imagino que você, como Davi, a senhora da história de hoje e eu, também tem os seus problemas e suas lutas. Imagino que os dias não estejam sendo tão simples para você também. Creio até que já teve vontade de dizer “umas poucas e boas” para Deus, por conta da realidade que está enfrentando, e acho até que esta seja uma boa ideia, acredite! Tenho, no entanto, uma certeza: Não estamos sós! Ele nunca nos abandonou. Ainda que tenhamos a sensação de estar desamparados, tudo não passa de uma sensação, porque Ele sempre estará por perto, senão para resolver as coisas do jeitinho que queremos, certamente estará sempre disposto a fazer o que seja melhor por todos nós. Eu creio, e sigo confiante!

Deixe aqui o seu comentário:

Compartilhe este conteúdo na rede:

Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.