MISSÕES URBANAS - T1 | E1

Missão Xerente (Homero )

IMPAGÁVEL

Na semana entre os dias  29 de junho  a 08 de julho de 2019, um grupo de alunos do @colegioadventistadogama e eu, ficamos imersos em uma nova cultura fazendo ações de voluntariado para a uma aldeia da etnia Xerente.

Brincamos com crianças, cantamos para eles, ouvimos suas músicas, visitamos e conhecemos suas casas, auxiliamos com saúde e alimentos e várias outras atividades.  Conheci alguns mitos contados pelos anciãos da aldeia e percebi o quanto as diferenças são belas, mas simplesmente complementam o conhecimento que temos de Deus e o quanto Cristo nos une como irmãos.

Sim, falei irmãos em Cristo. Provável que eu não consiga compartilhar a emoção que senti ao ser chamado de irmão, mas a sensação de pertencimento ao mesmo Reino para mim foi impagável.

MITO DO ENCONTRO

Apesar de morar no centro-oeste, há quem diga que o povo Akwe (Xerente) migrou, com o passar dos anos, do litoral para o meio do país. Não se sabe o período e nem a razão. Essa indagação surge por ter, dentro de um vocabulário relativamente simples, um termo específico para o “mar”: kâ pore.

Um dos mitos Akwe diz:
Wapto Kwazaurê (Deus) era buscado pelo povo Akwe (Xerente) de tempos em tempos para conversar. Atravessavam em uma longa jornada até o kâ pore (mar). Chegando lá, o viajante se unia a Wapto Kwazaurê e nunca mais voltava para casa. Até que o grande kâ pore fez separação entre o povo e Wapto Kwazaurê (Deus) e nunca mais foi possível encontrar-se com Ele.

Tambâ (Fim)

Acredito que Deus colocou esse mito na cabeça dos velhos para explicar que um dia tivemos a oportunidade de conversar face a face com Ele, seja no jardim (Gn 1-3) ou seja como Enoque que se encontrava com Deus e não voltou mais (Gn 5:21-24). Creio que o fim da história ainda não aconteceu, encontrando-se, não na cabeça, mas no papel. O mar da separação não mais existirá (Ap 21:1) e o encontro com Deus será face a face (Ap 22:4). Isso só é possível porque uma kuba (ponte) sobre o abismo foi criada para termos acesso à Wapto Kwazaurê: Jesus é a ponte que nos une novamente à Deus.

MITO DA MORTE

Wapto Kwazaurê (Deus) é representado pelo sol (o povo Akwe não manifestou adoração ao sol, mas por ter uma linguagem pouco abstrata, é preciso ter algo palpável). Já o mal, é representado pela lua.

Outro mito Akwe diz:
Wapto Kwazaurê (Deus) através do sol conversava com o índio. O índio percebendo que o mal havia entrado na aldeia perguntou ao sol se o índio morreria (dkâze). O sol respondeu que era necessário que morresse, afinal de contas, o índio havia permitido que o mal entrasse.

Com pke wadkâze (tristeza) por não ter mais o Akwe (índio) por perto por muito mais tempo. O sol corta um pedaço de buriti (uma madeira leve) e joga na água. A madeira afunda, mas logo volta. O sol diz: “assim vai acontecer com Akwe. Vai morrer, mas vai voltar”. A lua, ouvindo na espreita, esperou o sol sair, a noite chega e ela vem. Puxa conversa com o índio e diz algo diferente sobre a morte. Pega uma pedra grande, joga na água e diz: “assim vai acontecer com o Akwe. Vai morrer e não volta mais”. Tambâ (Fim)

Acredito que Deus colocou esse mito na cabeça dos velhos para explicar que a morte existe. O povo Akwe até tinha esperança no início da história
Creio que o fim da história ainda não aconteceu, encontrando-se, não na cabeça, mas no papel.
A dkâze (morte) é algo presente em toda a história e toda a sociedade. No entanto, a vida (sõkrêptuize) é a esperança que todos temos, seja aqui, seja na eternidade.
Esse mito me lembra que quando Pedro desviou o olhar de Jesus, afundou e começou a afogar-se, Jesus o puxou pela mão – afundou, mas voltou, como o buriti (cf. Mt 14:22-36).
Esse mito me lembra que Jesus é o primogênito entre os mortos (Cl 1:18). Qualquer ressurreição que já aconteceu ou vier a acontecer só é possível porque o Sol da Justiça (Ml 4:2) afundou na morte eterna, mas voltou trazendo vida [e vida em abundância] (Jo 10:10).

 

CLÃS

Na cultura Akwe (Xerente) existem clãs que promovem conhecimento, casamentos e todo tipo de ajuda.

O conhecimento que tive nessa semana foi extremamente pálido, ao perceber o tanto que a etnia Xerente e outros brasileiros indígenas podem oferecer para o restante no nosso país. Essa pintura é do clã Wahire. O cacique da aldeia que estive, junto com o @colegioadventistadogama nessa semana, pertence a este clã e, por razões óbvias, pediu que eu me pintasse como ele. Curti demais o pedido.

Ao ser pintado com os formatos de um clã, eles dizem que não podem pintar novamente com o formato de outro clã. Portanto, quando alguém pede pra você ser pintado, é porque a quer mostrar algum valor da comunidade para você e de você pra comunidade.

Barco - Coletivo Cafarnaum - Marcílio Egídio - Pescaria - Milagre - Praia - Grande Pesca - Pesca Maravilhosa
Quem Escreve: