

Explosão de Alegria (4)
“Naquele dia, o povo dirá: “Este é nosso Deus! Confiamos nele, e ele nos salvou! Este é o Senhor, em quem confiamos; alegremo-nos em seu livramento!” Isaías 25:9
A expressão “naquele dia” ocorre pelo menos outras 40 vezes no livro de Isaías. Em todas elas gera uma expectativa em torno das promessas de Deus e na manifestação poderosa de Seus juízos. “Aquele dia”, portanto, pode ser algo tremendamente aguardado por uns e terrivelmente temido por outros. O verso de hoje, no entanto, fala da perspectiva de quem conta as horas para que as promessas deste dia se torne uma realidade em sua vida.
Como reagirão aqueles que tiverem o privilégio de agradecer pessoalmente pelo livramento que receberam em seus momentos de luta? Como se comportarão diante dAquele que, com mão poderosa, os protegeu de males e perigos incontáveis? Como nos portaremos na presença de um Deus que tornou real a maior manifestação de amor que o universo já assistiu? Como eu mesmo planejo me portar, diante de um Deus que ofereceu a mim, e à minha família, bençãos que jamais mereceríamos? Quando penso nisso tudo, sempre me lembro da letra de uma canção, que você talvez conheça também. I Can Only Imagine é o nome original desta música, cantada pela banda MercyMe, e tal como o título sugere, o refrão sempre me chama a atenção, justamente por não ter a menor ideia de como é que vou reagir – “naquele dia”.
Envolvido por sua glória, O que meu coração sentirá?
Eu dançarei pra você Jesus? Ou em respeito a você ficarei quieto?
Ficarei de pé em sua presença? Ou cairei de joelhos?
Eu cantarei aleluia? Será que vou conseguir falar?
Eu posso apenas imaginar. Eu posso apenas imaginar.
Naquela minha lista de três aspectos que estão ligados ao louvor genuíno, como expressão de alegria e gratidão a Deus, o terceiro ponto está ligado à postura, às verdadeiras intenções do ato de louvar e em como se decide louvar a Deus. Se considerarmos que não nos faltam (1)motivos e que, por essa mesma razão, a (2)disposição de louvar só depende de nós, então, qual seria a melhor forma de apresentarmos esse louvor? Sinceramente, não posso dizer ao certo se existe uma melhor forma sem correr o risco de propor uma fôrma. Ao levar em conta a infinidade de culturas, personalidades, gostos, cosmovisões, encontrados nesse mundo criado e amado por Deus, não sei se seria possível estabelecer uma lista de melhores recursos, ou mesmo comportamentos, sem com isso “encaixotar” o louvor e reduzi-lo a expressões que estão mais próximas do meu contexto cultural, familiar e, mesmo pessoal. Não seria justo reduzi-lo à minha cosmovisão, por achar que estou mais certo que todos os outros.
O assunto fica ainda mais difícil de ser fechado por uma definição mais reduzida quando considerado sob a ótica de textos bíblicos, onde o próprio Deus se mostra ofendido pelo culto de Israel, mesmo quando parecia que eles estavam fazendo tudo certinho. No livro de Isaías, esse mesmo que estamos usando como base para nossas reflexões, Deus manifesta a Sua indignação dizendo: “Parem de trazer ofertas inúteis; o incenso que oferecem me dá náusea! Suas festas de lua nova, seus sábados e seus dias especiais de jejum são pecaminosos e falsos; não aguento mais suas reuniões solenes!” (1:13).
Claro que o povo argumentaria em sua própria defesa, reconhecendo as bênçãos recebidas como bons motivos(1) para louvar e adorar ao Senhor, e mostrando disposição(2) de louvá-Lo, através das festas, dos sábados, do jejum e muito mais. “Jejuamos diante de ti! Por que não prestas atenção? Nós nos humilhamos com severidade, e tu nem reparas!”, diziam eles, tentando aplacar a ira de Deus. “Vou lhes dizer por quê”, disse o Senhor. “É porque jejuam para satisfazer a si mesmos” (58:3).
Concluo, então, que o meu louvor, a minha manifestação de alegria e gratidão a Deus, pode ter a forma mais simples e discreta, bem como ser a mais elaborada e efusiva de todos os tempos, só terá o efeito esperado por Deus, para o meu próprio bem, para testemunho real diante de todos que precisam ser alcançados pelo poder do evangelho, se minha motivação estiver alinhada ao que foi planejado no coração do Eterno. Enquanto minha religiosidade for egoísta e pretensiosa, enquanto estiver pensando em mim mesmo, ou interessado em me parecer melhor do que meus outros irmãos adoradores, posso apresentar o louvor mais espetacular do planeta, ele não apenas ofenderá a Deus, como me afastará cada vez mais de Seu coração – não porque Ele passe a deixar de me amar, mas porque vou amá-Lo cada vez menos.
Nossa maior, e melhor expressão de alegria, louvor e gratidão a Deus se dará quando, finalmente, estivermos em Sua presença. “Naquele dia” vamos nos portar como deveríamos ter nos portado durante todo o tempo enquanto estivemos aguardando por Ele. E como vamos reagir? Não sei!! Como bem expressou Bart Millard em sua canção – I Can Only Imagine (Eu Só Posso Imaginar).
Senhor, dá-me a dependência, a alegria, a humildade e a disposição de uma criança para Te louvar e servir. Dá-me a maturidade, a responsabilidade e a intencionalidade de um adulto para permitir que os Teus propósitos se cumpram na minha vida. Dá-me a obediência, a fé e a confiança de um filho Teu, para continuar a tarefa de alargar as fronteiras do Reino, enquanto estivermos por aqui, mas dá-me o privilégio de estar contigo, lado a lado, quando a realidade plena do Reino se cumprir. Não tenho a menor ideia de como será, Senhor, mas só de pensar, meu coração se enche de alegria e saudade. Não sei ao certo como vou me portar diante de Ti, mas já posso imaginar – apenas imaginar…! Amém.

Marcílio Egídio
Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Um colecionador de bons amigos.