Totalmente Entregue

Então Jesus disse: “Quando vocês me levantarem, entenderão que eu sou o Filho do Homem. Não faço coisa alguma por minha própria conta; digo apenas o que o Pai me ensinou. João 8:28

Quatro grupo de aprendizes, um Mestre, muitas lições e uma única certeza: a Graça sempre vai alcançar aqueles que se dispõem à mudança de rumos, atitudes, pensamentos e propósitos. Quatro caminhos que se encontraram numa mesma encruzilhada. Um ponto de intersecção; um momento em comum à todos e uma grande oportunidade de salvação.

Pessoas diferentes acessando a mesma verdade; Jesus Cristo, na Terra, é Emanuel, Deus Conosco. Cristo é a mais pura manifestação da graça entre nós; e a graça, como vimos, também é um Deus que se inclina para salvar. Um Deus que escolhe limitar-se para revelar-se aos seres humanos caídos, dependentes e carentes. A Graça é um Deus que se inclina para olhar nos olhos e dizer o quanto nos ama, mesmo quando nos julgamos melhores, independentes e justos o suficiente, para não carecer da misericórdia oferecida.  A Graça é um Deus que se ergue para enfrentar nosso maior acusador e nos declarar justos pelo simples fato de aceitarmos Seu sacrifício em nosso favor. No ponto em que aqueles quatro caminhos se encontram há uma cruz. Sobre um evento ainda maior, Jesus mesmo havia predito: “E, quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. (João 12:32)

Há muitos ditados que acompanham nossa família nordestina. Entre eles há um que serve para definir o tempo em que se iniciam nossas lembranças mais conscientes. Quando não se pode datar o episódio inicial de um costume ou modo de pensar dizemos: “desde que me entendo por gente…!” A frase então é completada com a ideia que se quer enfatizar. Sendo assim, desde que me entendo por gente, acompanho a mesma comunidade religiosa. Já mudei de lugares e congregações, mas sempre acompanhando a mesma comunidade de fé. 

Há tempos minha decisão de permanecer não está diretamente ligada à vontade da minha mãe, já que meu pai decidiu não nos acompanhar quando íamos à igreja, muito antes de decidir não nos acompanhar na vida. Faz muito tempo que vou por decisão pessoal, por entender que este é o melhor caminho para mim e minha família. Há tempos me tornei consciente do que a Graça insiste em fazer por mim, na expectativa de me oferecer o privilégio de esperar por algo muito maior do que o melhor dos meus planos.

Mas nem sempre foi assim. Por algum tempo fui conduzido aos cultos, e outros encontros, por alguém a quem devo minha eterna gratidão. Hoje sabem que os tenho como se fossem meus pais adotivos. Na verdade minha consideração por eles é exatamente esta, porque decidi adotá-los, se é que isso seja possível, como meus pais do coração. Quando era ainda muito pequeno, meu tio Manoel e a tia Bete, me permitiram acompanhá-los semanalmente aos cultos da igreja que frequentavam. O tio é irmão da minha mãe e a tia irmão do meu pai, o que torna minhas primas e eu o que chamamos por aqui de primos irmãos. Isso tudo só serviu para firmar ainda mais os laços que nos unem.

Não tenho dúvidas de estar sempre em suas orações. Sei que já intercederam muito por mim diante de Deus. Já falaram a meu respeito em suas conversas mais íntimas com o Criador. Sei que sou, em parte, a resposta do Eterno a uma porção de orações que fizeram por mim. Desde que me entendo por gente, me recordo de vê-los ajoelhados, pedindo a Deus que mantivesse Sua mão estendida sobre mim, e agora sobre minha casa, me protegendo de todo mal e perigo. Entre minhas melhores lembranças, estão as imagens do tio, da tia e da minha mãe, claro, prostrados diante do Céu, colocando a minha vida nas mãos do Senhor.

Estas três figuras abençoadas, são gigantes que me ensinaram o valor da fé e a importância de tomar cada uma das minhas decisões, desde as mais simples às mais complexas, sob a orientação de Deus. Para muitos são pessoas simples, que não tiveram grandes oportunidades na vida, para mim são os maiores heróis que eu poderia expor na melhor de todas as galerias. Quando penso em razões para me orgulhar do que sou, eles estão entre os primeiros da lista. Quando estou com eles me dou conta de que sucesso, fama ou prestígio nenhum no mundo se compara a estar no abraço de quem nos ama.

Foi a tia quem escolheu a canção de hoje, com uma letra muito importante para todos nós aqui em casa. Ouvi-la nos faz lembrar da urgência de aceitar a graça, antes mesmo de poder compreendê-la. Quando me lembro que a cruz que me esconde é a mesma que me expõe, tomo consciência na necessidade de uma entrega total. Quando ouço esta canção, me lembro que esta tem sido a oração frequente destes meus três heróis, e meu desejo mais constante é continuar servindo o Senhor, de todo o meu coração, de toda a minha alma e entendimento, na expectativa de ser, quem sabe um dia, ao menos uma sombra do que a mãe, o tio e a tia representam para mim.

Por esses tempos de pandemia, Covid19 e distanciamento social, uma coisa ficou ainda mais evidente: a realidade do Céu, e da vida eterna, não será a mesma se toda a minha família não estiver ali reunida. Quero meus heróis comigo, quero minha esposa e meus filhos comigo. Quero minha família vivendo a eternidade ao meu lado. Se esse for um desejo muito egoísta, espero que o Eterno me perdoe, mas quero tudo isso pra você também. Quero o mesmo presente para a sua família e para nossos amigos – todos!

Se por alguma razão, em algum momento nos afastarmos desse ideal, vamos estabelecer a cruz como ponto de encontro. De lá seguiremos juntos nessa jornada que nos levará à realidade plena do Reino. Que tal? O que acha da ideia?

A sugestão de música para ilustrar nosso Devocional de hoje vem de Guarulhos, SP, e quem nos enviou foi:

Maria Elisabete

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.