Assentado, ensinando!

“De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.” João 8:2

Jesus, nesse aspecto, parece seguir o costume de seus contemporâneos. Podemos encontrá-Lo várias vezes sentado e ensinando. Esse era um hábito comum entre os rabis. Esses mestres eram frequentemente vistos caminhando pelas estradas e ruas empoeiradas, seguidos de perto por seus discípulos. Ensinavam enquanto caminhavam, mas preferiam, pelo que se sabe, assentar-se para apresentar os temas mais importantes da instrução.

Jesus não tem tempo a perder. Está o tempo todo preocupado em oferecer o melhor de si a Seus ouvintes. Tem uma preocupação especial com os discípulos; precisa prepará-los para seguirem o plano já estabelecido. Logo não estaria mais com eles, e precisava reforçar os conceitos e a importância de Sua missão e, consequentemente, a missão de cada um deles.

O momento é oportuno porque há muita gente em Jerusalém. Vieram para a Festa dos Tabernáculos, uma das três festas da peregrinação em Israel. Ela ocorria no final do ano, entre o 15o e o 22o dia do mês de tisri (aproximadamente outubro), e reunia todos os homens que, segundo o costume, deveriam se apresentar no “Tabernáculo” com suas ofertas. A festa servia para lembrar o povo de Israel dos tempos de peregrinação no deserto, vividos por seus pais quando saíram do Egito rumo à Terra Prometida.

O capítulo 7 de João relata que Jesus estava entre os que participavam das festividades, e já estivera reunido com muitos peregrinos e moradores da cidade. Seus ensinamentos, porém, não se alinhavam aos discursos dos líderes religiosos de sua época, e o ódio dos fariseus e sacerdotes aumentava na mesma proporção em que aumentava o número de interessados na multidão. Aos fariseus só restava uma saída para salvar o pouco prestígio que ainda tinham:  seria necessário prender Jesus.

Os guardas foram enviados para executar o plano da prisão, mas voltaram sem Jesus. “Por que não o trouxestes?”, perguntaram furiosos os fariseus. Não haveria resposta mais lógica a ser dada a não ser a grande verdade: “Jamais alguém falou como este homem”, disseram os guardas. Enquanto se ocupavam de escolher o melhor momento para prender o Mestre, foram tomados de assalto por Suas palavras. Perceberam que o discurso de Jesus era para eles também. Sentiram que os ensinamentos daquele Rabi eram diferentes e mais poderosos que qualquer outro que tivessem ouvido.

O texto de hoje nos lembra que Jesus voltou ao mesmo lugar, ao Templo, mesmo sabendo das intenções de seus inimigos fariseus. No dia seguinte ao episódio dos guardas que não conseguiram prendê-Lo, lá estava Jesus, assentado, ensinando. Ele não tem tempo a perder. Ensina o tempo todo. Ensina com Suas palavras; ensina com Seus gestos. Porque não pode perder um único instante, Jesus ensina com a própria vida.

Imagino que queria nos ensinar algo mais. Seu plano era me fazer entender que “o verdadeiro ensinador não se satisfaz com trabalho de segunda ordem. Não se contenta com encaminhar seus estudantes a um padrão mais baixo do que o mais elevado que lhes é possível atingir. Não pode contentar-se com lhes comunicar apenas conhecimentos técnicos, fazendo deles meramente hábeis contabilistas, destros artistas, prósperos homens de negócio. É sua ambição incutir-lhes os princípios da verdade, obediência, honra, integridade, pureza – princípios que deles farão uma força positiva para a estabilidade e o reerguimento da sociedade” (1).

Por esta razão, arrisca-se a voltar ao Templo e permanecer ali, oferencendo o melhor de si a Seus discípulos e à multidão que se juntou para ouvi-Lo mais uma vez. Mas não está indiferente às circunstâncias. Percebe que há algo estranho no ar. Decide aproveitar a ocasião para ensinar outra grande lição aos grupos envolvidos e representados. Vai ensinar aos sinceros que se misturam à multidão porque querem realmente aprender e mudar. Vai ensinar aos discípulos porque precisa deles para a continuidade do plano. Vai ensinar os fariseus, a despeito de suas más intenções. Vai falar ao coração dos pecadores, olhando nos olhos e acessando a alma. Vai ensinar como um tapeceiro que executa uma obra de arte, e o resultado final será simplesmente encantador.

De alguma forma estarei representado em um desses grupos. Talvez em circunstâncias diferentes eu me veja como parte de grupos diferentes. Certo é que seria muito bom poder estar assentado aos pés de Jesus, esta semana, recebendo dEle mesmo as lições importantes que ainda preciso aprender, ou lembrar. Estou certo que Ele encontrará meios de promover esses encontros, que embora não possam ser presenciais, poderão ser sentidos e igualmente especiais. Estou certo que Ele vai ensinar. Espero, muito, estar disposto a aprender, porque quando Ele se assenta para ensinar, pode confundir os sábios, aliviar os fardos do cansado e estremecer as estruturas dos que se acham seguros e intocáveis. Quando Ele se assenta para ensinar, fala do amor como quem tem consciência de que é a fonte do mais puro amor. Sabe exatamente onde quer chegar; sabe que mudanças pretende promover. Se eu e você permitirmos, Seus ensinamentos transformarão nossa vida em obra de arte. Acredite!

A sugestão de música para ilustrar nosso Devocional de hoje vem de São Paulo, SP, e quem nos enviou foi:

Marlúcia Loietes

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.