É Urgente!

“Preste atenção! Estou à porta e bato. Se você ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e, juntos, faremos uma refeição, como amigos.”  Apocalipse 3:20

Seguindo a estratégia proposta pelo Mestre de encontrar no futuro uma forma de descansar, sabendo que Ele vai cuidar de todos os detalhes, lembrei-me de uma ilustração contada certa vez durante uma aula no seminário. À época refletíamos sobre as grandes verdades contidas no verso de hoje.

Durante a aula o professor falava sobre o contexto e os costumes relacionados aos primeiros leitores desse texto. Segundo ele, havia ao menos três maneiras de se comportar em relação a casa de alguém, no sentido de estar do lado de fora e pretendendo entrar. Enquanto ele falava, fui remetido às lembranças de minha infância em visita à casa de meus avós. 

Não sei se você já viveu uma experiência semelhante, mas me lembro, ainda menino, de estar na casa de minha avó, construída de maneira muito simples, em um lugar onde não havia necessidade de portões ou grades, tendo como dispositivo de segurança da porta apenas um pedaço de madeira preso ao meio por um prego, que bastava ser girado 90 graus e a porta estava aberta ou trancada. Tramela era o nome daquela fechadura.

A verdade é que aquele dispositivo mantinha a porta fechada por dentro, sem oferecer a quem estivesse do lado de fora a menor possibilidade de entrar, a menos que a parte de cima desta mesma porta estivesse aberta, pois bastaria passar o braço por cima da metade debaixo, acessar a trava e abrir a porta. E isso facilitava a vida de quem vinha fazer uma visita

Então algumas vezes estava com minha avó quando alguém lá do quintal chegava gritando – “Ôoo de casa?!”.  Imediatamente minha vó respondia de onde estivesse – “Ôo de fora?!” Parecia algo ensaiado ou combinado durante uma vida inteira, porque na sequência dos cumprimentos, quem estava chegando dizia, como se não soubesse que era minha avó quem respondia ao primeiro chamado – “Quem tá dentro!?” A resposta de minha avó era prontamente apresentada – “Vá chegando…!” Enquanto tudo isso acontecia a visita simplesmente passava a mão por cima daquela metade da porta que estava fechada e  entrava sem nenhuma cerimônia.  Estava entre a sala e a cozinha quando minha avó já vinha recebê-la, as vezes até com uma xícara de café na mão. Não era preciso absolutamente mais nada. Bastavam aqueles anúncios e tudo estava resolvido.

Nos tempos em que o verso foi escrito alguém que estivesse indo visitar um amigo numa dessas visitas que se faz para colocar a conversa em dia, chegava anunciando que estava por perto com intenções de entrar e era da mesma forma convidado a entrar sem nenhuma necessidade de maiores acertos.

Mas havia uma segunda possibilidade. Alguém mal intencionado, pensando em invadir a casa para roubá-la, com medo de ser recebido pelo dono da casa tão armado quanto ele, para ter certeza de que não seria surpreendido, batia na porta e ficava escutando na intenção de saber se alguém responderia do lado de dentro. O silêncio era tido como resposta as suas más intenções, levando o ladrão a entender que, ou a casa estava vazia, ou quem estava dentro tinha mais medo do que quem estava do lado de fora. Batia e escutava.

Uma terceira situação envolvia uma emergência. Alguém precisando de socorro, ou tentando avisar o dono da casa de um perigo eminente, tentando dar uma notícia urgente, correria a casa e chamando pelos proprietários batia ao mesmo tempo na porta. No interior da casa, o proprietário perceberia automaticamente a necessidade de levantar-se com urgência, se fosse o caso de ser à noite, por exemplo, e se apressaria em atender a porta, afinal, ter à porta alguém que bate e chama ao mesmo tempo significava que alguma coisa, talvez muito grave, estivesse acontecendo. Urgência.

Temos, então, três situações. Na primeira, alguém que vinha interessado apenas em fazer uma visita despretensiosa chega anunciando de longe, apenas com a voz, sua intenção de receber autorização para entrar. A segunda situação envolvia alguém mal intencionado que apenas batia e ficava ouvindo para saber se havia alguém dentro de casa. A terceira era uma situação de emergência, e por esta razão, quem chegava batia e chamava por quem estava dentro da casa.

O verso de hoje já foi ilustrado por dezenas, ou centenas de histórias. No entanto esta ilustração me chamou muito a atenção, talvez por me levar de volta a casa de meus avós, onde estive há muito tempo. Também porque me ajudou a entender um pouco mais sobre as intenções de quem pediu a João que escrevesse o texto. Na imagem que formo deste verso sempre vejo Jesus batendo na porta pelo lado de fora. O mais interessante é que não apenas bate como quem tem más intenções e quer entrar para roubar o que houver no interior da casa. O verso informa que Aquele que bate também chama por quem está do lado de dentro, o que me propõe, desde aquela aula em que esta ilustração foi apresentada, que este mesmo verso indica uma situação de emergência.

Ainda que termine apresentando a cena de uma refeição, há uma certa urgência anunciada na opção de Cristo em bater e chamar, ao mesmo tempo. Sua intenção ao entrar é sempre a mesma: sentar-se à mesa comigo e, enquanto “comemos”, contar-me mais uma vez a Sua história de amor e sacrifício, na expectativa de que finalmente eu me decida a recebê-Lo como o Senhor da minha vida.

A indicação musical de hoje é de um amigo que Deus me deu de presente. Fui apresentado ao professor Márcio Ferman no colégio onde trabalhávamos. Seria muito bom se, em algum momento, você pudesse bater um papo com ele. Tenho certeza de que se encantaria também. Ao indicar essa canção, falou-me da alegria de ter sido chamado por Alguém que insistiu em bater até que a porta se abriu. A música fala  de resgate, de perdão e de acolhimento. Fala de um passado de culpas substituído pela expectativa de uma vida plena e feliz. Fala de um Deus, que deixando o Céu, veio sofrer por mim e por você e agora espera que abramos o nosso coração para recebê-Lo. Mas não se esqueça, Ele bate e chama! Embora queira entrar para participar de uma refeição entre amigos, a situação é de emergência. É muito importante que consideremos a urgência envolvida no momento. Pense nisso enquanto ouve a canção…

A sugestão de música para ilustrar nosso Devocional de hoje vem de São Paulo, SP, e quem nos enviou foi:

Márcio Ferman

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.