Simples assim…!

“Mas Deus é tão rico em misericórdia e nos amou tanto que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que vocês são salvos!”  Efésios 2:4 e 5

Sempre achei interessante a capacidade que a música tem de ativar nossa memória e nos remeter a momentos ou fatos e específicos da nossa história, sempre que ouvimos os acordes e o som de uma canção. Há uma ligação imediata entre uma coisa e outra que nos faz praticamente reviver momentos marcantes da vida toda vez que a canção é ouvida. Como não poderia ser diferente, também tenho algumas canções que me remetem a momentos muito importantes da minha história.

Tinha 21 anos de idade quando tomei a decisão de me casar. Dois anos depois recebíamos um dos maiores presentes que a vida, e o Céu, poderiam nos proporcionar. Em março de 1999, exatamente no dia 9, chega à nossa vida nosso primogênito, o Marcel.  Lembro-me como se fosse hoje das emoções envolvendo a chegada do nosso primeiro filho. Mas também me lembro de todas as preocupações que começaram a surgir no meu coração diante da tremenda responsabilidade que teríamos, Marlúcia e eu, a partir daquele momento.

Confesso que demorou um tempo até que finalmente entendesse que de fato era pai. Por vezes tomei meu filho no colo e olhava para ele assustado, por conta da inexperiência, do medo de não acertar no processo de educação, e falhar como provedor dos cuidados mais básicos que teria de oferecer.

Lembro das primeiras vezes que o ouvi me chamar de pai. Incrível! Era mesmo verdade. Deus havia me presenteado com a companhia de alguém que me ensinaria grandes lições na vida. Aliás, o processo de aprendizagem se dá até hoje. Sempre que oportuno, Deus tem usado os meus filhos para me ajudar a entender a necessidade da mudança de postura, a importância de decisões equilibradas, a manutenção de uma atmosfera adequada ao fortalecimento de nossas relações familiares e o benefício resultante de uma comunhão cada vez mais íntima com o Criador. Tudo começou com o mais velho, mas estas lições ainda hoje são apresentadas também pela pequena Marcely.

Há, no entanto, um registro marcante em nossa vida, ao menos para mim, que está relacionado há uma canção específica. Às vezes tenho a impressão de que esta música colaborou com a construção da ideia de que meus filhos eram únicos, e diferentes, e por essa razão deveriam ser amados de maneira diferente, porém na mesma intensidade. Falamos disso outro dia num outro devocional. A música em questão foi cantada diversas vezes enquanto tentava fazê-los dormir, quando eram ainda muito pequenos.

Lembro-me de deitar e colocá-los de bruços no meu peito e, enquanto balançava de leve, repetir as palavras de um hino que nos lembra o quanto somos amados por Deus. Lembro de repetir tantas vezes que, tempos depois, quando já estavam um pouco maiores, e não havia mais a necessidade de colocá-los no colo e niná-los, ouvir principalmente a Marcely, pedindo para que eu cantasse a mesma canção depois de orarmos, e antes dela adormecer.

Acho interessante esse poder que tem a música de nos transferir grandes lições de maneira poética e encantadora. Há algo de especial na boa música e deveríamos, como pais, fazer uso mais frequente deste recurso. Agora, por exemplo, enquanto escrevo, me lembro de uma canção que minha mãe sempre cantou para mim quando eu era ainda muito pequeno. A letra daquela oração até hoje me transfere segurança quando me deito para dormir. Mas desta canção falaremos um outro dia.

Por hora fica a certeza de que Deus tem por mim, e por meus filhos, um amor com o qual não se possa comparar a absolutamente nada que conhecemos. A Bíblia ainda tenta aproximar-nos da intensidade deste amor, revelando o que talvez mais se aproximasse. Ao comparar o amor do Eterno com o de uma mãe que ainda amamenta seu filho, deixa claro, porém, que o amor de Deus é muito maior. Ao olhar para mim, Deus considera o fato de que não há nenhum outro ser criado, em todo Universo, que seja como eu. Mas há algo ainda mais especial na letra da canção que repeti muitas vezes para os meus pequenos, uma expressão que me deixa sempre muito animado.

O autor, de maneira inspirada, me lembra através dos versos desta poesia, que Deus me ama exatamente como eu sou, e não há nada que O impeça de me amar. Isso é tremendo! Lembrar-me que a fonte do Amor, em Sua infinita misericórdia, decidiu me tornar alvo constante deste amor já é, por si só, motivo suficiente para vivermos uma vida de gratidão, e o fato de me amar como sou, não me impede, claro, de querer mudar para melhor. Pelo contrário, esse amor dedicado me faz sempre pensar na necessidade de mudança, justamente como forma de agradecimento por tudo que tenho recebido do Criador.

Acabo de perceber que não cantei apenas para ninar meus filhos. Cantei para acalmar o meu coração. Cantei para ouvir o Criador me declarando o Seu amor. Ele me fez cantar porque queria que soubesse que tenho meu lugar em Seu plano de salvação. Me fez cantar porque queria lembrar-me que também sente saudades de mim, e que conta os minutos que ainda faltam para que estejamos juntos no Céu. Acabo de perceber que Ele me fez cantar para que eu nunca me esquecesse que você, leitor, é amado do seu jeitinho, com as especificidades que só você tem, entende? Simplesmente assim!

Não tenho a menor intenção de fazê-lo dormir o dia todo, pelas razões que são obvias, mas queria convida-lo a passar o dia cantando comigo, e com minha família, essa canção tão belamente inspirada. Que tal?

A sugestão músical para ilustrar nosso Devocional de hoje é minha:

Marcilio Egidio

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Marcilio Egidio

Esposo, pai e pastor – nessa ordem. Eterno aprendiz da arte de servir. Alguém que decidiu colecionar os melhores amigos que a vida pode oferecer.