Escolhido

Há uma grande promessa na bíblia que acompanha aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores. Bem-aventurados, felizes e ricamente abençoados por Deus são todos os que de boa vontade deixam tudo isso e se empenham numa sincera e devotada comunhão com o Eterno. Gosto do texto de hoje (Sl 4:3) como o encontramos na versão da bíblia A Mensagem: “Vejam isso! Vejam o que é ser escolhido pelo Eterno: Ele me ouve no instante em que eu clamo por Ele”. “E a nossa comunhão é com o Pai, e com o seu Filho Jesus Cristo”, diz o apóstolo em I São João 1:3.

Quando lembramos que os anjos da glória acham o seu prazer em oferecer amor e infatigável cuidado às almas caídas e contaminadas; que seres celestiais buscam conquistar o coração dos homens trazendo a este mundo escurecido a luz do céu, mediante ministério amável e paciente, vemos a clara intenção destes seres em operar no espírito humano, para levar os perdidos à união com Cristo – e essa é uma comunhão mais íntima do que eles próprios podem avaliar. Sua alegria é poder proporcionar, a cada um de nós, o mesmo prazer experimentado por eles, ao viverem uma relação tão íntima de amizade com o Criador do Universo.

Conta-se que Henrique VIII saiu uma noite de seu palácio disfarçado. Tinha a intenção de ser preso para saber como eram tratados os prisioneiros, em seu reino. Assim, fez por onde passar uma noite na prisão, tempo suficiente para decidir mandar 30 toneladas de carvão e suprimentos para oferecer condições mínimas de cuidado e tratamento digno aos encarcerados. Isso nos lembra como Jesus veio provar por si mesmo a amargura da sorte humana aqui na Terra. Sua experiência como Emanuel – Deus Conosco – lhe permite interceder por nós, diante do Pai, como quem tem conhecimento de causa, não apenas por ser o nosso Criador, mas porque decidiu estar conosco e viver como um de nós. Ele pode compadecer-Se de nós; pode comungar conosco, pois nos compreende como nenhum outro no Universo.

No Salmo de hoje, Davi fala da certeza de ser ouvido e atendido por um Deus que nos escolheu e que foi escolhido por nós. Não oferece, no entanto, garantias de que tudo ocorrerá de maneira tranquila e sem nenhum percalço pelo caminho. Não disse, em nenhum momento, que as coisas seriam sempre fáceis e aprazíveis para aqueles que são chamados e separados por Deus, até porque, a história sagrada está repleta de casos em que o Eterno escolheu homens e os separou para obra sagrada do ministério, ou alguma tarefa especial, e por vezes Ele teve de separá-los no deserto, como fez a Moisés por 40 anos a fim de aprender em escola diferente; ou como fez com José na prisão egípcia. Ainda que tenha feito de Daniel e seus amigos, grandes homens da corte babilônica, não os livrou do cativeiro e da saudade do lar, mas ainda assim esses homens assentaram em seu coração serem homens de Deus. A igreja primitiva também separou Saulo e Barnabé para o ministério e Deus os acompanhou, inclusive nos momentos de maior dificuldade e angústia.

Da mesma maneira Deus quer separar cada um de nós para Si. Deseja contar conosco para exercitar o companheirismo no serviço. Ainda hoje nos convida para uma vida de estreita comunhão com Ele. Quer separar-nos para fins específicos e nos oferecer o privilégio de participar das ações de expansão do Reino. Ele já nos escolheu. Decidiu nos amar, não importa qual seja a nossa decisão. A diferença está, justamente, na maneira como decidimos retribuir esse amor – nossa melhor escolha, certamente, será sempre estar ao lado dEle!